[CAPÍTULO 1 – ‘SEJA BEM-VINDO, DEAN’]
Narrado e sentido mortalmente por [Dean*]
Lembro do Cão do Inferno enfiando suas presas sedentas em cada pedaço do meu corpo. Lembro da risada diabólica de Lilith. Lembro de Sammy chorando...
Lembro do cheiro o sangue na minha boca. Lembro daquele maldito barulho na minha cabeça. E tudo ficou escuro e gelado. Não sentia mais nada. Não via mais nada. Só o vento gelado nas minhas entranhas. Sentia a minha pele queimar. Afoguei no meu próprio sangue. Engoli a minha própria carne apodrecida. As minhas tripas estavam por toda a parte. EU estava por toda a parte.
PORRA! QUEM FOI O FILHO DA PUTA QUE FEZ AQUILO?
(Junte seus pedaços antes que o façam)
Acordei com aquele maldito cheiro de queimado no ar. Ainda estava escuro. Alguma coisa passeava pelo meu corpo. Aluguma coisa molhada e fedida. Essa coisa parecia estar juntando a minha carne. Tive a impressão de não ter sentido a minha cabeça no corpo. Sentia meus ossos expostos. Meus olhos ardiam feito fogo. Não conseguia abrir, pois estavm grudados ou lacrados.
Tentei me levantar, mas algo me sugava para o chão. A coisa ainda me costurava vivo. Não tive tempo de sentir ou pensar na dor. O meu cérebro estava estraçalhado fora do crânio. Não podia falar nem gritar, pois não sentia a porra da língua detro da porra da boca. Percebi que essa parte do meu corpo também não estava no lugar.
Que diabos estava acontecendo comigo? Será que até depois de morto ainda abusam do meu corpo? Se era pra me matar, tudo bem... Mas aí, sacanear com o meu corpo e me fazer de quebra-cabeça humano, já era demais!
(Os Olhos Ardentes estão cerrados)
Ainda estava deitado naquele lugar nojento, gelado e com os olhos cerrados. Pude sentir os círculos em volta deles. Meu corpo parecia estar todo inteito novamente. Mas aquele cheiro insuportável de carne queimada ainda era forte demais. Consegui ficar de pé. O chão parecia pasta grudenta. Não senti a língua na minha boca. Comecei a procurar, mas era ridículo, pois EU NÃO ESTAVA ENXERGANDO NADA! E se eu pisasse nela? INFERNOOOOOOOOOO!!!!!
Alguma coisa parou do meu lado. Talvez fosse alguém. E tinha o mesmo fedor da podridão do lugar. Tentei me aproximar e ele permaneceu parado.
De repente, alguma coisa tocou nos meus olhos. Algo gelado. Dolorido. Queimaram os dois círculos em volta dos meus olhos e senti que eles foram desvendados.
Abri lentamente os olhos. Ardia muito. Não conseguia enxergar direito. Tinha uma fumaça branca impedindo. Vi alguma coisa ou alguém caminhar em minha direção. Forcei para tentar ver melhor, mas foi inútil.
A [ficwriter*] começa a fazer a sua narrativa sangrenta
Dean abre os olhos lentamente até enxergar por completo. E o que viu o deixou aterrorizado.
Fogo vermelho caia de um céu negro. Larvas espumavam do chão. Sangue escorria das encostas. O ar era turvo e irritava os olhos. E o cheiro de carne queimada continuava fétida.
Dean sentia frio e calor ao mesmo tempo. Sentia todos os medos e repugnâncias que um ser humana podia sentir. Havia tanta dor e sofrimento naquele lugar que o coração dele ficou apertado.
Dean sentiu medo..
Com a visão um pouco melhor, ele encontrou um pedaço de carne no chão que parecia ser a sua língua. Ela já estava comida pelos vermes do chão. Dean vomitou quando viu.. acabou por deixá-la ali mesmo. Ou o que restou dela. Os vermes apareceram e a devoraram. A cena mais horripilante que Dean já havia visto na vida.
(Quando o Mensageiro surgir na sua frente será o momento em que você saberá..
Quando o céu ficar escuro e o medo tornar-se real diante do fogo vermelho, você saberá..
A verdade será assim dita a você..
Você se igualará ao que há de mais insignificante neste mundo..
Não há nada que possa explicar a dor que existe num coração despedaçado..
Pedaços de carne no chão, pedaços de carne no chão..
Muitos de você irão implorar por muito mais..)
(...)
(O Mensageiro)
MENSAGEIRO
Dean? Como está se sentindo?
Dean, tentando falar. Um homem de capa preta surge no seu lado.
Mensageiro
Não tenha medo, meu filho. Você pode falar. Basta mexer a língua!
Dean(murmurando os sons timidamente)
Hãm? O quê? Eu posso falar?
Mensageiro
Claro, Dean! Você pode tudo desde que saiba sobreviver aqui..
Dean
Onde estou? No inferno?
Mensageiro
Exatamente, Dean! Você está no inferno: o lugar mais provável do planeta.
Dean (debochando)
Eu que achava que fosse encontrar umas boas mulheres, muita cerveja e outros por aí...Aqui é meio parado, né?
Mensageiro
HAHA! Como sempre, muito engraçadinho você, Dean! Realmente o inferno é meio parado. Diria até que aqui impera uma Paz Infernal!
Dean
É sempre bom manter o bom humor. Mesmo que você esteja ferrado!
Mensageiro
Que bom que você seja assim, Dean pois você é uma Alma Aprendiz.
Dean
Alma Aprendiz? Como assim?
Mensageiro
Quer dizer que sua pobre alma poderá evoluir aqui. Basta seguir as regras do lugar e de seu Protetor.
Dean
Protetor? Pensava que essas coisas só acontecessem para quem fosse para o céu!
Mensageiro
O céu e o infernos estão lado a lado. Você escolhe de que lado vai ficar. No seu caso, você veio parar aqui pro causa do Contrato.
Dean
Claro!O maldito pacto!..Então, quer dizer que eu tenho um professor aqui? Até que vai ser interessante, viu?
Mensageiro
Você verá...
O Mensageiro levou Dean até o alto de uma colina. Havia um imenso jardim à frente dela. Não um jardim comum; um jardim negro banhado de gotas de sangue. As gotas formavam um desenhos no chão que Dean não conseguiu decifrar. No final havia um muro branco com um portão preto gigantesco. Dava pra ouvir gritos vindos de lá de dentro.
Dean
O que são esses gritos?
Mensageiro
Para que palavras se você pode ver?
O Mensageiro abre o portão. Dean fica paralisado com o que vê. Centenas de milhares de corpos suspensos em correntes no ar sendo desmembrados vivos. Homens com chicotes de fogo arremeçavam-os no ar. Gritos de desespero eram ecoados pro todos os cantos. Rios de sangue jorravam pelo chão. Os corpos despedaçados caiam sobre o rio de sangue e depois despejavam direto no fogo vermelho. Dean vomitou novamente. O fedor era insuprotável. Seus olhos ardiam tanto que chorava.
Dean olhou em volta e o Mensageiro havia sumido. Ele não conseguia mover os pés do lugar. Paralisou os sentidos. Entrou em pânico.
(Dean foi entregue)
Uma sombra surge na frente de Dean. De repente, o ar congelou em volta de Dean. Seu coração parou de bater. Ele parou de respirar. Seus olhos ficaram vermelhos. Era Alastair.
(O medo não consome a alma enquanto ela tiver esperança.
Quando você perde a esperança, o medo e o desespero se tornam
Seus eternos parceiros da dor..
Uma alma entregue é uma alma perdida..)
Alastair
Dean, a Alma Aprendiz. Como se sente?
Dean
Péssimo! Já vomitei duas vezes. Que diabos é você?
Alastair
Logo você se acostuma com o cheiro, Dean. Meu nome é Alastair. Sou um demônio.
Dean
Já percebi isso.
Alastair
Essa será a sua nova casa, Dean. Se assim o desejar. Você poderá escolher, se quiser.
Dean
Se eu quiser? Quer dizer que eu posso escolher?
Alastair
Isso mesmo. Mas a sua escolha dependerá da minha escolha.
Dean
Qual?
Alastair
Está vendo aqueles corpos agonizando por toda parte? Você será o próximo se..
Dean
Se eu fizer alguma coisa que você queira?
Alastair
Isso mesmo, Dean. Vejo que você é uma Alma inteligente.
Dean
E o que eu tenho que fazer? Mais um pacto com um demônio? Vamos lá...Já estou acostumado com esse tipo de coisinha.. (debochando)
Alastair
Dean, não subestime o meu poder! Posso muito mais do que você pode imaginar. Posso te torturar pela eternidade.
Dean
Então diga de uma vez o que eu tenho que fazer, Alastair!
Alastair
Torture almas, Dean! Torture muitas almas para que eu deixe que você volte à vida! FAÇA ISSO!
Dean fica aterrorizado com a proposta de Alastair e tenta compreender o que estava acontecendo..
Dean
Você disse ‘torturar almas’? Você está dizendo que pra eu sair desse lugar eu teria que torturar almas?
Alastair
Isso mesmo, Dean! Torture quantas almas você seja necessário para que você volte à vida!Esse será o seu novo pacto comigo, Dean. Tudo do que você tem que fazer é isso.
Dean
Pode enfiar o seu pacto no rabo, pois eu não vou torturar alma nenhuma, seu demônio filho da puta!
Alastair
Acho que você não entendeu, Dean. Se você não fizer issso, você quem será torturado aqui por toda a aternidade...Além disso, seu querido irmãozinho Sam nunca mais terá paz ao vê-lo morto-vivo! Já imaginou como seria terrível para ele vê o seu cadáver despedaçado todas as noites na hora de dormir? Logo ele que tanto ama você? Oh, Dean, isso seria muito difícil para seu amado irmão, não acha?
Dean
O que você está dizendo, seu ??? FILHO DA MÃE! DESGRAÇADO!!!!!
Alastair
Estou dizendo, Dean, que as almas que aqui são torturadas, também levam sofrimento e dor para seus entes queridos. É uma espécie de reflexo, espelho do inferno. É justamente isso que alimenta os demônios. A dor, a agonia, o sofrimento são como combustível para as forças negras. Vê aqueles corpos pendurados pelas correntes no ar? Sim, esse será seu destido, se não fizer o pacto comigo..Você escolhe.
Dean
Nunca torturaria uma alma....NUNCA...
Alastair
Nunca, Dean? Será mesmo? Veremos...
Dean é suspendo pelas correntes. Elas atravesaram os ombros e as pernas. Dean ficou esticado no ar enquanto a sua carne era puxada. Vermes começaram a comer as pontas dos seus dedos e lábios. As feridas iam abrindo e Dean tinha a sua pele devorada.
Dean gritava tão alto que podia ouvir por muito longe. Ele gritava, mas não havia ninguém para salvá-lo daquela agonia. Ele gritava desesperadamente pelo irmão. Ele gritava com tanta dor que saia sangue de seus olhos..
Dean chorava...Ele estava sozinho em meio ao fogo e a dor das correntes esticando seus membros. Alastair não estava mais ali. Só se ouviam os gritos de Dean e das outras almas agonizando por todo o inferno..
Dean gritou por 3 dias até que as correntes quebraram e ele foi jogado num vale.
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Fim da 1ª parte
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