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Like a Child. Nick C. Brian L. BSB. Drama.

Like a Child. Nick C. Brian L. BSB. Drama.

Capítulo 1- "Amor à primeira vista"


Melbourne, FL, EUA

abril de 2011

[por Nick]

       A única coisa de que me lembro foi que senti muito medo. Medo de não aguentar a força de apertava o meu peito. Essa força que nascia dentro de mim como uma fênix renasce das cinzas. Isso mesmo! Eu me senti assim. Lembro que rezei pra Deus com todas as minhas forças pra que ele parasse o mundo naquele instante só pra eu sentir a respiração dela...Parou tudo e ela chorou. Nunca pensei que alguém pudesse chorar tanto. Ela chorava com todas as forças. Nesse momento eu já tinha derramado tantas lágrimas que meus olhos estavam ardendo. O medo se transformou em paixão, amor e devoção. Ao mesmo tempo eu senti um medo tão grande igual a uma criança perdida da mãe. Até hoje eu quero entender como um ser humano consegue ter tantos sentimentos e não explodir...

      Ela segurou firme nos meus dedos. Segurou tão forte que parecia que ela não queria largar nunca mais. As mãozinhas vermelhas segurando firme eram como uma transferência de sentimentos. Foi aí que ela abriu os olhos; tão azuis brilhantes, iguais aos meus.Então, ela parou de chorar...Olhava fixamente para mim como se estivesse decorando cada traço do meu rosto. Era como se ela conversasse com os meus olhos. A respiração dela era forte e as batidas do meu coração também. Ela apertava calorosamente meu dedo enquanto fitava-me incansavelmente. Era como o olhar avassalador, apaixonante. E eu estava completamente apaixonado por ela; completamente entregue àqueles olhos; eternamente ligado àquela força.

     Eu não pude dizer nada, pois meu olhos, boca e ouvidos estavam conectados num só sentido. Somente as lágrimas percorrendo todo o meu rosto vermelho e paralizado...Finalmente eu havia conhecido a minha Charisma, o meu "pedaçinho", como eu a chamava desde o começo. Pedaçinho de mim.

      Ninguém entendei como eu tinha mudado tanto de 1 ano pra cá. O fato de ter me tornado pai tinha mudado a minha vida completamente. Não que o trabalho, a família, as farras, os shows, a banda tivessem cedido um espaço pra minha filha. Era tudo isso que tinha que se adaptar à ela. Foi aí que comecei a enxergar muito mais além do que estúdio, gravações, programas, fotos, entrevistas e voltar pra casa. Agora, eu tinha que repensar em tudo. A minha vida estava totalmente em sintonia com a Charisma.

  Após uma longa tunês com os Backstreet Boys pelo mundo, fizemos o nosso último show da turnê no final de março e eu estava exausto. Finalmente o tempo de férias, bom pra fazer um reforma na casa, cuidar dos meus cachorros, sair da rotina de hotéis, bares, festas vips e 1 milhão de soundchekings...E naquele momento, mais do que nunca, o meu reduto seria o meu lar. Mais precisamente o quarto de bebê. A casa tava uma zona. Charisma chegou antes da hora e eu estava completamente atordoado com a ideia. Não sabia se comprava fraudas ou se derrubava a casa toda pra construir o quarto dela. Tivermos que transferi-la pra casa da minha sogra Marie. Não foi uma boa ideia.

Os primeiros dias de Charisma em casa foram igual ao filme Sexta-feira Muito Louca. Quase destruí a casa da mãe da Lauren com tanto aparelhos de som, dvds, computadores, bateria e outras coisas mais. Eu sempre ouvia a Lauren conversar coisas do tipo com a mãe dela: "Minha filha, me desculpa, eu amo você, a minha neta e o Nick...Mas ele tá destruindo a minha casa. Olha só pra essa montanha de coisas que ele carrega com ele? Esse garoto tem que crescer. Já tem uma filha e não pode ficar andando que nem um roqueiro maluco por aí". "Ah, mãe. Dá um tempo pra ele. Ele tá se adaptando com a bebê..". "Se adaptando? De onde eu vim isso se chama malandragem".

Nas minhas andanças da casa da Marie pra nossa casa eu sempre ficava pensando nas coisas que ela falava. Parecia a minha mãe com aquele jeitão de durona e com mania de querer manipular todo mundo. No fundo, as mães são sempre manipuladoras; estão sempre achando que os filhos estão errados e que no final a gente vai sempre correr pros braços delas quando a corda apertar. Então, quando elas percebem que a gente começou a andar com as próprias pernas na vida se dão conta de que a missão está cumprida.

Durante os 4 primeiros meses de vida da Charisma eu comecei a trabalhar no meu projeto solo. Ia todo santo dia pro estúdio, que ficava no centro. Eu queria levar trabalho pra casa e eu sabia que se eu fizesse isso a Lauren, a mãe dela e a "pedaçinho" iam surtar de vez. Normalmente eu já fazia muita zoada quando estava em casa e a Charm adorava, por incrível que parecça. Eu e ela tínhamos uma ligação tão forte que ela só parava de chorar quando eu a colocava nos meus braços e cantava pra ela. Era incrível como a gente se entendia.

"Ela só para de chorar quando você chega! O que é isso? Acho que eu estou sendo totalmente descartada" Lauren sempre reclamava depois que ela parava de chorar quando eu cantava Heaven.

Assim Charisma cresceu totalmente ligada em mim. Desde a primeira palavrinha que balbuciou foi "Paaahhh..." e eu quase tive um ataque cardíaco de felicidade. Gravei no meu celular como se fosse um single do meu álbum e ficava ouvindo pra não esquecer. Quando ela disse a palvra completa "Papai" eu realmente chorei que nem criança. Nunca me senti tão feliz na vida. Aos 31 de idade eu tinha virado um bobão.