[música para ouvir: “Antes das seis" por Legião Urbana]

“Quem ele pensa que é pra beijar a Dara daquele jeito?”, Seunghyun pensou alto enquanto dirigia a moto. Ver aquele encontro romântico entre Sandara e Jiyong não foi nada interessante. E o que mais ele podia fazer? Afinal de contas, os dois eram namorados, ou pelo menos tentavam ser. Casais de namorados normalmente se beijam e ficam juntos.

“E o melhor amigo não trai o outro”, uma voz assustadora ecoou de dentro da cabeça de Seunghyun. Era melhor aceitar e fingir que nada daquilo estava acontecendo. Certo! Nada como um bom choque de realidade para se sentir melhor. Ou não.

Seunghyun preferiu desligar o celular e voltar pra casa dele. Ele não queria receber nenhuma ligação ou mensagem da Sandara tentando explicar porque ela não estava esperando por ele na hora marcada. E, além disso, ele não levava o menor jeito pra ser ‘o outro’.

....

A mãe de Seunghyun estranhou o comportamento do filho. Ele chegou, jogou a jaqueta em qualquer lugar e se jogou no sofá da sala.  

“Algum problema, meu filho? Você voltou tão rápido”, ela sentou do lado dele.

“Nada.. Só quis voltar pra casa..”, ele falou cobrindo o rosto com o braço.

“Você parece chateado.. Tem alguma coisa que queira me contar?”, ela coçou a cabeça dele com carinho. Ele levantou o rosto devagar e fez um movimento fofo com a sobrancelha.

“Não é nada, mãe! Só uma dor de cabeça chata..”, ele falou com a voz rouca.

“Porque não me falou antes? Vou preparar um chá pra você. Fique aqui quietinho..”, ela ajeitou o cabelo dele e foi direto pra cozinha.

Lila era muito cuidadosa com o filho. Ela era uma mãe amorosa e preocupada. Era só o Seunghyun espirrar e lá estava ela trazendo remédios e chazinhos especiais.  

Por outro lado, Seunghyun era durão, não gostava de preocupar a mãe com qualquer coisa. Ele preferia cuidar ele mesmo dos problemas dele. Não era coisa de filho rebelde, e sim porque ele sabia de tudo o que a mãe dele sofreu no passado com o pai no passado.

Mas como esconder da mãe a notícia de que ia ser pai? E de um filho da Minji? A pequena dor de cabeça se transformou numa enxaqueca insuportável só de lembrar da historia da gravidez.

Talvez a notícia de um neto não fosse tão ruim assim, se a mãe da criança fosse uma garota normal tipo a Sandara. Mas a Minji era a garota mais maquiavélica e dissimulada de todos os tempos e ela enganaria o coração mais amável do mundo, por exemplo, o da mãe do Seunghyun.

Lila se aproximou do filho, que respirava profundo. Ela teve medo de chamá-lo, talvez estivesse dormindo.

“Seunghyun?..”, ele chamou baixinho.

“Hãm?...”, ele tirou o braço de cima do rosto e olhou pra ela assustado.

“Aqui está o seu chá e um remédio...”, ela falou com carinho.

“Ah sim. Obrigado, mãe! A senhora é um anjo”, ele tomou o remédio e o chá, que ainda estava morno.

Lila ficou olhando pra ele, com uma cara de preocupação. Os olhos de Seunghyun estavam vermelhos e ele espremia a testa de vez enquanto mostrando que a enxaqueca estava forte.

“Porque você não vai deitar um pouco na minha cama? Lembra que de quando você era criança e ficava doente? Você ia dormir lá e sempre dizia que a dor passava mais rápido?”, ela segurou o braço dele.

“Sim. Acho que vou fazer isso, mãe”, ele levantou e foi direito pro quarto da mãe. Ele deitou esparramado. Lila tirou o tênis dele, ligou o ar-condicionado e cobriu-o com um edredom.

Ela ainda ficou do lado dele por uns 10 minutos até que ele dormiu.

[...]

O relógio marcava 20h da noite quando o telefone tocou na casa de Seunghyun. Lila atendeu.

“Alô?”

“Alô? Senhora Lila? Aqui quem está falando é o Jiyong. O Seunghyun está?”

“Oi, Jiyong? O Seunghyun está sim. Mas ele está doente, filho”

“O que aconteceu?”

“Não se preocupe. É só uma enxaqueca. Ele está descansando no meu quarto”

“Ah, bom! Quando ele melhorar, a senhora pode pedir pra ele ligar pra mim, por favor?”

“Tudo bem. Darei o recado”

“Obrigado. Tchau, senhora Lila”  

Ela desligou o telefone e ficou pensativa. “Será que essa ligação do Jiyong tem alguma coisa a ver com essa dor de cabeça do Seunghyun?”, ela pensou. “Nããão. Acho que não. Deve ter sido alguma coisa que ele comeu por aí..”, ela deduziu.

Após 5 minutos, o telefone volta a tocar.

“Alô? Senhora Lila? Aqui é a Minji. O Seunghyun está?”

“Ah, oi Minji? Ele está sim, querida. Mas está com dor de cabeça. Não pode atender no momento”

“Aaaah..”

“Quer deixar algum recado?”

“Não, não. Só diz pra ele que eu liguei. Obrigada”

As desconfianças de Lila estavam se tornando mais fortes. Alguma coisa aconteceu.

Ela voltou a ler a revista. Mais 20 minutos e o telefone estava tocando outra vez.

“Alô?”

Pausa do outro lado da linha.  

“Alô?... É da casa do Seunghyun?”

“É sim. Quem está falando?”

Lila conversou com a pessoa. Ao terminar a ligação, ela guardou a revista e foi até o quarto. Seunghyun ainda dormia. Ela preferiu não acordá-lo.

Então ela ficou com a pulga atrás da orelha. Porque três ligações seguidas pro Seunghyun justo no dia que ele chegou em casa todo estranho e morrendo de dor de cabeça?

[...] 

O relógio marcava meia-noite quando Seunghyun acordou. Ainda estava meio pesado por causa do remédio, mas levantou. “Meu Deus! Quanto tempo eu dormi?”, ele se perguntou.

A casa estava silenciosa. Ele caminhou parecendo um zumbi até a sala. E lá estava Lila e Ryun, o padrasto dele, na mesa da sala.

“Seunghyun? Está melhor?”, Ryun perguntou.

“Sim. Eu dormi por quanto tempo?”

“Por umas 4 horas, mais ou menos. Achamos melhor não acordar você até que melhorasse”, Lila respondeu. Ela caminhou até o filho, acariciou o cabelo dele e lhe deu um beijo. Ele sorriu de volta pra mãe.

“Sabe, mãe? A sua cama nunca falha”

“Não falei? Não está mais com aqueles olhos vermelhos e espremendo a testa. Deve está faminto. Quer que eu prepare alguma coisa?”

“Não precisa, mãe. A senhora deve está exausta. Desculpa ter ocupado o seu quarto”

“Você tem cada bobagem! Você pode dormir na minha cama quantas vezes quiser. Eu e o Ryun estávamos aqui fazendo uns trabalhos. Eu o estava ajudando”

“Estávamos preocupados com você, Seunghyun. Já ligaram pra você umas 5 vezes. O Jiyong, a Minji e uma garota chamada Sandara”¸falou Ryun. Seunghyun ficou surpreso.

“Quem é essa garota chamada Sandara, filho? Não conheço. É da escola?”, perguntou Lila.

“É sim”

“Ela estava muito preocupada com você. Parece ser muito sua amiga.. Porque você nunca me falou dela?”

“Porque ela é novata”

“Era com ela que você estava ontem à tarde?”

“Não... A senhora não ia preparar alguma coisa na cozinha. Eu tô com fome mesmo”, ele despistou a conversa. Ryun percebeu a reação de Seunghyun ao falarem da Sandara.

Depois do lanche da meia-noite, todos foram para seus quartos dormir. Menos Seunghyun, que ficou travando uma batalha mortal entre ligar ou não ligar o celular.

Ele, então, resolveu ligar o aparelho. E no mesmo instante, ele vibrou na mão dele.

“Alô? Seunghoney? Porque você desligou o celular?”

“Oi, Minji..”

“Meu amor, estava preocupada com você. Minha sogra me disse que estava com doente.. Já está melhor?”

“Minji..  A minha mãe não é a sua sogra! Quantas vezes vou dizer?”

“Pelo visto você está bem melhor. Já está até brigando comigo..”

“Ah, tá... Fala o que você quer..”

“Seunghoney, é que... Eu tenho uma coisa pra te dizer...”

“O que é Minji?”

“Err, acho que você não vai gostar muito... É que...”

“Fala logo, Minji! Que saco!”

“É que os meus pais vão até a sua casa amanhã depois da aula.. Vão falar sobre aquele assunto”

“O QUÊ? COMO É QUE VOCÊ DEIXA ISSO ACONTECER MINJI? Porque não falou comigo primeiro?”

“Eu até tentei, né honey? Mas o seu celular tava desligado..”

“Droga.... Droga!!!...”

“Seunghoney.. Você tem que maneirar com essas palavras comigo..”

“Quer saber? Dane-se! Seus pais vão vir aqui? Tudo bem. Pelo menos esse inferno todo na minha cabeça vai acabar”

“Não sei disso, não honey. Está apenas começando. Você sabe que o meu pai só vai aceitar um tipo de acordo: que você se case comigo. Então, tenha bons sonhos, gatinho. E sonhe comigo!”

Ela desligou e ele permaneceu em choque. Minji era a garota mais nojenta que o Seunghyun já conheceu na vida. Ela era a única que conseguia tirá-lo do sério.

Aquela ultima frase da Minji ficou ecoando na cabeça dele e ele não conseguiu dormir mais. Ficou rolando na cama de um lado pro outro tendo pesadelos com a Minji e o bebê.

[...]

Chegou o grande dia! Seunghyun tomou o café bem cedo, após passar a noite intereira em claro. Pegou a moto e foi direto pra escola. Minji estava esperando por ele no portão.

“Bom dia, Seunghoney. Chegou cedo”, ela se aproximou dele.

“Depois a gente conversa, Minji”, ele ignorou o abraço dela e seguiu pra sala de aula.

Ela ficou parada observando-o enquanto ele caminhava até a sala dele. “Hoje você me paga todas as grosserias que fez comigo”, ela pensou.

Seunghyun entrou na sala quase inaudível. A sala estava uma bagunça, todos estavam conversando alto. Faltavam 15 minutos pra começar o primeiro horário, que era aula de inglês.

Sandara, que estava conversando com algumas garotas no fundo da sala, não percebeu que ele havia chegado. Ele colocou os fones de ouvido no volume máximo, pôs os óculos escuros, fechou os olhos e fingiu estar em qualquer outro lugar que não fosse aquela sala. Ouvia uma musica antiga Black Eyed Peas. Seunghyun adora rappers, principalmente o americano Taboo. Ele se concentrou na música e todo o barulho foi embora. Era como se todas as coisas chatas que o importunavam sumissem por alguns instantes.

Por alguns instantes..

Seunghyun não percebeu quando uma mão tocou o ombro dele. A mão o cutucou mais uma vez e então ele se assustou. Tirou os fones de ouvidos e os óculos rapidamente.

“Ainda bem! Pensei que você ia me ignorar pra sempre!”, falou uma mulher loira que estava bem do lado dele. Todos na sala começaram a rir. Ele não percebeu que o primeiro horário havia tocado.

“Err, desculpa. Não ouvi o sinal do horário tocando”, ele se ajeitou na carteira.

“Tudo bem, sweetheart! Você estava tão concentrado na musica que não percebeu”, ela deu uma piscadinha pra ele. Ele ficou envergonhado.

O coordenador entra na sala.

“Atenção, turma. Esta é a nova professora de inglês de vocês: a senhora Mary Anne Knight. Ela irá substituir o antigo professor de vocês, que teve que deixar a nossa escola por motivos pessoais. Espero que gostem dela e comportem-se”

Todos ficam olhando pra professora, principalmente os meninos. Ela era muito bonita. Uma loira estonteante de belos olhos azuis.

“Muito bem, turma. Deixa eu me apresentar. Meu nome é Mary Anne, mas podem me chamar de teacher. Eu sou da Inglaterra e tenho 33 anos. Eu vim morar na Coreia do Sul há 10 anos, quando vim participar de um projeto cultural Coreia-Reino Unido. De lá pra cá, não quis mais voltar pra Inglaterra e logo comecei a lecionar inglês pra coreanos. Sou apaixonada pela cultura de vocês. Espero que a gente se dê muito bem, turma”, ela falou de um jeito encantador.

A turma tinha ‘uma certa’ dificuldade na matéria. Mas existia alguém que se saía muito bem na língua inglesa.

“Queria saber com anda o inglês de vocês... Podemos começar?”, ela perguntou. Alguns alunos ficaram com medo.

Ela pediu que cada aluno fizesse uma apresentação pessoal em inglês. A professora foi analisando o desempenho de todos e percebeu que a turma era fraca. Sem contar a timidez da maioria dos alunos.

Até que chegou a vez do Seunghyun. Ele estava com a cabeça baixa, folheando o caderno.

“Muito bem, senhor Choi Seunghyun. O garoto dos fones de ouvidos. Vamos lá. What about Seunghyun?”, ela perguntou observando a caderneta dos alunos que estava segurando.

“What about me? My name is Seunghyun, not Seunghoney. I’m not a kind of a perfect student but I try my best. I think my english is good and I started to learn when I was in a vacation travel in USA with my mother and my father thirteen years ago. That’s it.”, ele respondeu com o sotaque perfeito. Todos ficaram chocados.

“Very, very good, Seunghyun! You’re a great! I think I found my perfect Korean student..”, ela falou lançando um olhar diferente pra ele.

Sandara percebeu aquele jeito meio ‘Minji’ daquela professora pro lado do Seunghyun. “Essa professora tá elogiando demais o Seunghyun..”, ela pensou.

A professora seguiu com a aula. De vez em quando ela lançava olhares (in)discretos pro Seunghyun.

Jiyong cutucou as costas de Seunghyun com um lápis:

“Ei, Seunghyun? Essa professora tá dando em cima de você ou é impressão minha?”

“É impressão sua!”

“Cara, ela é muito bonita. Já viu os olhos dela?”

“Já. E a sua namora aqui atrás também”

“Deixa de ser idiota. Eu tô só admirando a beleza dessa mulher”

“Sei...”  

Ao final da aula a professora se despediu e disse um ‘adocicado’ “Bye sweetheart” pro Seunghyun. Ele respondeu um “Bye” tímido.

“Ótimo! Mais uma pra me chamar com nomes fofos em inglês”, ele pensou.

Por um momento de aflição de Seunghyun foi esquecida. Aqueles belos olhos azuis da professora perseguindo os olhos deles. Aquele perfume francês, a pele muito branca dela, as sardas nas bochechas, os cabelos loiros brilhantes. Que mulher bonita! “Eu tenho que parar com isso! Mais uma mulher em minha vida, não dá”, ele pensou.

[...]

As aulas seguiram normais. Nenhuma outra nova professora bonitona.

Jiyong procurou Seunghyun o intervalo inteiro. Até que ele encontrou o amigo, sozinho na arquibancada da quadra.

“Seunghyun!”, Jiyong acenou de longe. Seunghyun respondeu com outro aceno.

Jiyong subiu a arquibancada correndo.

“Hyung! O que....está fazendo..... aqui? Estava.... te procurando”, ele falou quase sem fôlego.

“Vim pra cá pra pensar um pouco. Só isso”

“O que está acontecendo com você heim? Tá estranho.. É alguma coisa com a Minji?”

“Exatamente”

“É alguma coisa sobre a gravidez?”

“Pior. Os pais dela vão lá em casa hoje depois da escola”

“O QUÊ? Isso não é nada bom...”

“Eu não aguento mais isso, Jiyong. Eu quero logo que chegue esse momento. Não quero mais esconder isso da minha mãe e do meu padrasto. Eles não merecem isso”

“Tá. Mas será que essa é a coisa certa a fazer mesmo? Porque você sabe. A Minji é cheia de mentiras. Ela pode tá armando alguma coisa”

“Eu sei... Se ela estiver mentindo eu sei muito bem o que fazer com ela. Aquela desgraçada”, falou Seunghyun. Jiyong ficou com medo daquelas palavras do amigo.

“Olha, fica calmo! Eu sei que é difícil, mas tenta encarar tudo com frieza. Não entra na onda da Minji. O que mais de pior pode acontecer?”, Jiyong falou com aquele infantil dele.

“Não.. Acho que vindo da Minji qualquer coisa pode ficar fica pior..”, Seunghyun falou com a cabeça baixa.

O telefone de Jiyong toca. Era o pai dele. Ele se despede de Seunghyun e sai.

Seunghyun recebe uma mensagem de texto:

“Seunghyun, me encontre naquela sala desativada de ciências daqui há 05 minutos”

Ele coçou a cabeça e não entendeu nada. Mesmo assim, ele foi até a tal sala desativada, que ficava num bloco afastado.

Seunghyun abriu a porta devagar. Estava apreensivo.

“Olá?”, ele perguntou.

Ninguém respondeu.

Ele ouviu um barulho e se assustou.

“Tem alguém aí?”, de novo nenhuma resposta.

Até que alguém tocou o ombro dele.

“Shhh.. Você faz muito barulho”

Ele virou se virou.

“Dara?”

Ele espremeu a testa.

“Te procurei por toda a parte. Onde você estava?”, ela perguntou.

“Por aí...”

“Fiquei esperando você ontem... Até muito tarde. O que houve?”

Seunghyun suspirou. Ele evitou olhar nos olhos dela.

“Vi você e o Jiyong. Não quis atrapalhar”

Ela tremeu o corpo.

“Eu e o Jiyong? O que você viu?”

“Você sabe o que eu vi.. Não me faça lembrar..”, ele falou despistando o olhar dela.

“Não é nada disso que está pensando...”

“Porque está dando explicações? Ele é seu namorado...”

 Sandara parou e ficou observando o desenho da boca de Seunghyun. “Isso é hora de pensar em beijar, Sandara?”, ela pensou.

“Err... Eu precisava te mostrar uma coisa sobre a Minji. Por isso te chamei lá. Mas o Jiyong apareceu lá e...”

“Tá. O resto eu já sei. Porque estamos insistindo com essa conversa mesmo?”, ele falou irritado.

Ela fitava os ombros dele. O olhar dele estava pesando, mais do que o de costume.

“Aconteceu alguma coisa? Quando liguei sua casa a sua mãe me disse que estava doente... Fiquei preocupada”

“Não foi nada”

“Alguma coisa com a Minji?”

“Não”

Sandara percebeu as respostas secas de Seunghyun. ela sabia que ele não tava afim de papo.

“Eu encontrei uma coisa muito importante da ficha da Minji ontem aqui na escola. Era isso que eu queria te mostrar. Levei o papel pra casa. deixei em cima da mesa da cozinha, mas quando voltei e ele não estava mais lá. Não sei onde foi parar. Essa ficha tinha coisas muito sinistras sobre ela e...”

“Como isso poderia me ajudar? É só o histórico escolar dela”

“Você não entende. Aquele documento tem várias expulsões e exames médicos que comprovam que a Minji tem sérios problemas...”

“Mesmo que tudo isso fosse verdade, não vai mudar a realidade. Ela está grávida e não há nada que possa mudar isso”

“Porque você não me ouve, Seunghyun? Esses exames são mais do que suficientes pra provar que ela pode está mentindo...”

“E o que você tem a ver com isso? Eu não entendo”, ele falou irritado.

“O quê?”

Sandara ficou assustada com a expressão agressiva dele.

“Não há nada que você possa fazer a respeito. A única coisa que tem que fazer é continuar o seu namoro com o Jiyong e pronto”

“Porque está falando assim? Foi por causa de ontem? Eu e o Jiyong?”, ela perguntou.

“MAS QUE INFERNO! Porque todo mundo sempre acha que tem alguma coisa errada comigo? Não, não. Tá tudo bem. Eu tô ótimo”, ele gritou. Sandara se afastou dele com medo.

“Qual é o seu problema heim? Eu só queria ajudar.. Mas se você faz tanta questão assim de acreditar em tudo que aquela garota fala, problema seu! Eu não sou obrigada a escutar desaforo!”, ela andou até a porta de saída com passos nervosos.

Seunghyun permaneceu parado olhando aqueles cabelos negros atravessarem a porta.

“Que se dane!”, ele resmungou sozinho.

[...]

As aulas seguiram intermináveis. Sandara estava furiosa com o Seunghyun. “Como ele pode ser tão idiota?”, ela se perguntava. Os dois permaneceram imóveis nas suas carteiras o tempo todo. Nem mesmo aqueles famosos ‘encontros de olhares’ entre um intervalo de horário de outro.

Jiyong tentava puxar uma conversa com o amigo, mas ele apenas respondia com palavras monossilábicas. No tentando, Jiyong sabia o porquê da irritação do amigo. Aquela arrogância toda tinha uma explicação muito forte: estava se aproximando o momento mais tenso da vida dele. E Sandara não sabia disso.

[...]

Seunghyun chegou em casa. Estacionou a moto e suspirou.

O carro do pai da Minji estava lá.

Ele engoliu gelado.

Abriu a porta lentamente. “Talvez se eu não fizer nenhum barulho..”, ele pensou.

Ao atravessar a sala de estar ele ficou realmente gelado. Todos estavam lá: os pais da Minji, a irmã dela, a mãe dele, o padrasto e a Minji.

Todos estavam lá olhando pra ele, com aqueles olhares assustadores. “E se eu saísse correndo agora?”, ele pensou.

Seunghyun olhou a expressão preocupada da mãe. Ryun estava tranquilo.

“Estávamos esperando por você”, disse o pai da Minji.

Seunghyun suspirou fundo. O coração dele estava batendo tão forte que ele teve medo de morrer ali mesmo.

“Sente-se aqui, Seunghyun”, disse Lila, com uma voz calma.

Seunghyun caminhou lentamente até a mãe e sentou do lado dela no sofá.

“Então, você e a Minji...” ela falou calmamente.

Tudo estava calmo, até que, de repente:

“PORQUE VOCÊ FEZ ISSO COM A MINHA FILHA, SEU MARGINAL???”, o pai da Minji levantou e tentou avançar em Seunghyun, mas Ryun, segurou-o e pediu que ficasse calmo. Mas ele estava descontrolado. As mães ficaram nervosas.

Por fim, o pai da Minji, acalmou os nervos e voltou a sentar no sofá.

A essa altura o coração de Seunghyun já estava quase saindo pela boca.

“Meu filho não é marginal. Peço que o senhor se comporte dentro da minha casa..”, Lila falou nervosa.

“Vamos resolver tudo com calma... Seunghyun é um rapaz responsável. Tenho certeza que ele vai tomar a tomar a decisão certa”, falou o Ryun.

Minji, do outro lado da sala, lançava aqueles olhares debochados para Seunghyun, que teve vontade de matá-la. Mas não na frente dos pais.

“Estamos aqui pra resolver o futuro da nossa filha. ela foi seduzida por esse mar.... Por esse rapaz. E agora ela está grávida... Queremos saber o que vai acontecer agora”, falou o pai da Minji.

“Eu seduzi a Minji? Espera, tem alguma coisa errada aqui”, ele pensou.

O silêncio pairou no ar.

Todos os olhares novamente em cima de Seunghyun.

“Queremos o melhor pro Seunghyun, pra Minji e o bebê”, falou Ryun.

Minji fitava Seunghyun sem parar. Ele estava se sentindo sufocado. Ele estava suando frio.

“Ele vai ter que casar com a nossa filha”, disse o pai da Minji.

Seunghyun permaneceu parado.

Todos ficaram olhando pra ele.

“Não sei se a Minji ficaria bem de noiva. Ela está grávida..”, falou Lila.

“O que está querendo insinuar sobre a minha filha?”, perguntou a mãe da Minji.

Todos se exaltaram novamente.

O pai da Minji tentou avançar novamente em Seunghyun e Ryun evitou.

Minji observava tudo de longe. Com aquele sorrisinho malicioso no canto da boca.

Seunghyun não estava mais aguentando aquela situação. Ele tinha que fazer alguma coisa pra acabar com aquele pandemônio. Ou poderia ser pior.

Até que ele tomou coragem.

“EU CASO!”

Todos ficaram em silencio.

“Eu caso com a Minji”

Lila levou a mão ao peito e seus olhos encheram de lágrimas.

“Oh, meu filho..”, ela falou.

“O que você disse? Que vai casar com a minha filha?”, perguntou o pai da Minji, se aproximando dele.

“Sim! Eu disse que caso com ela”, ele falou firme.

O pai da Minji apertou o rosto de Seunghyun com força, quase esmagando.

“Marquem a data. Não quero a minha filha mal falada por aí”, ele falou calmo.

Seunghyun ficou paralisado.

“Que data? Do meu velório?”, ele pensou.

Seunghyun sentiu um enjoo. Tudo estava girando. Aquela enxaqueca de ontem parecia que tinha hora marcada porque lá estava lá de novo. Se esses eram os sintomas da morte então ele estava morrendo.

Ele nem percebeu os pulos de alegria da Minji perto dele.

“Ahhh, Seunghoney. Eu sabia que você não ia me decepcionar..”, ela o abraçou. Ele não esboçou nenhum sentimento.

Minji e a família vão embora.

Seunghyun permance sentado no sofá, na esperança de que aquele mal estar todo passe.

Lila e Ryun sentam ao lado dele.

[...]

Longe dali, Jiyong e Sandara acabam de chegar na casa dela.

Ele percebeu que Sandara estava quieta.

“Algum problema? Estava quieta a viagem inteira”, ele perguntou.

“Nada.. Tava só pensando nas provas da semana que vem”, ela falou.

“Ah tá...Pensei que estivesse zangada comigo..”

“Não, não..”

Jiyong olhou pra o relógio e fez uma expressão preocupada.

“Nossa, tenho que ir pra casa. Preciso saber do Seunghyun”

“O que tem ele?”

“Hoje os pais da Minji vão até a casa dele...”, ele falou.

Sandara ficou assustada.

“Os pais da Minji?”

“Ah, não te contei ne? Ela está grávida dele... E parece que hoje eles vão decidir o que vai acontecer com os dois.. Mais ou menos isso. Ele ficou de me contar tudo depois”

 Sandara ficou chocada.

“Então era por isso que ele tava daquele jeito..”, ela pensou.

Jiyong se despediu.

Sandara ficou aflita. Talvez aquele fosse o pior dia da vida de Seunghyun e tudo o que ela fez foi brigar com ele.