Cap. 5 – “Doce ilusão parte 1”
[*musica para ouvir: Out From Under por Britney Spears]
Seunghyun acordou mais cedo do que o de costume para ir à escola. Sentia-se feliz e disposto como nunca. A imagem meiga de Sandara e a maravilhosa tarde que passaram juntos não saíam de sua cabeça. Ele estava se sentindo perigosamente envolvido por ela. A lembrança dos seus doces beijos deixava-o com um sorriso apaixonante. Ele tinha que correr para buscá-la em casa.
Ao chegar ao portão da casa dela ele avistou os passos pequenos da vovó May. Ela apertou bem os olhos e segurou os óculos para não caíssem. Ela sorriu ao ver que era Seunghyun e pediu que ele entrasse. Ele usava os seus famosos óculos escuros e roupas sombrias.
“Posso saber por que você não usa o uniforme da escola, Seunghyun?”
“Porque eu não gosto dele. Além disso, fico parecendo um soldado de chumbo”, respondeu sério, mas ao mesmo tempo engraçado. Vovó May sorriu e se aproximou dele. Apertou mais ainda os olhos e analisou-o detalhadamente.
“Meu filho, você é bonito demais para se achar feio num uniforme escolar. Vista umas roupas mais jovens. Tá parecendo um vampiro todo de preto” ela falou tão naturalmente que Seunghyun começou a analisar o próprio corpo.
“A senhora é muito engraçada”, ele nunca se chateava com as palavras dela. Pelo contrário, até gostava quando ela falava aquelas coisas. Normalmente ele insultaria a pessoa que o chamasse de vampiro.
Sandara desceu correndo as escadas. Ao ver a presença apaixonante de Seunghyun seu coração se encheu de felicidade.
“Tão cedo?”, ela perguntou de uma forma doce e ao mesmo tempo contemplando a figura encantadora dele em pé diante dela.
“Sim. Assim podemos ir todos os dias juntos”, ele respondeu de uma forma infantil e os olhos de Sandara fitaram-no a cada gesto. Os cabelos muito negros dele refletiam um brilho que se confundia com a sua roupa impecavelmente preta e cinza, contrastando com o tênis branco.
Vovó May apenas observava o olhar tenro de Sandara para o Seunghyun. Um olhar apaixonado, compreensivo e ao mesmo tempo inocente. “Ah, a minha Dara está apaixonada”, ela teve certeza.
Os dois saíram e vovó May permaneceu observando-os até quando sumiram no final da rua.
Seunghyun parou a moto em um parque. Todos os parques da cidade estavam floridos. O canto dos pássaros, o perfumes das flores brancas, a calmaria da natureza se juntou ao silencio dos dois, que observavam o barulho das árvores.
“Porque paramos aqui?”, ela perguntou fitando-o calorosamente.
“Porque eu queria te mostrar uma coisa. Veja aquela árvore balançando. Tão bonita, calma... Ela me faz lembrar você”, as doces palavras dele ecoaram como um poema para ela.
“Eu nunca tinha visto nada tão bonito”, ela contemplou a árvore com carinho.
“Por isso eu trouxe você aqui”, ele tirou os óculos e olhou fixamente nos olhos dela, que permaneceu hipnotizada. O olhar dele era como uma estrada que a levava pra um sonho.
“Seus olhos, Seunghyun..Eu não consigo parar de olhar pra eles..Como é que você consegue?”, ela não conseguia mais controlar as vibrações do próprio corpo. Seus corpos estavam muito próximos e seus lábios procuravam um ao outro.
“Não, Dara...É você quem me prende eu seu olhar..”, ele entrelaçou os dedos no cabelos dela suavemente e segurou-a no pescoço. Ela sentiu a respiração dele arrepiando todo o corpo. Sandara estava completamente entregue aos braços de Seunghyun. Ele beijou-a levemente no pescoço e sentiu o seu perfume.
“Eu quero você, Dara...Todos os dias..”, ele sussurrou aquelas palavras e ela quase desfaleceu em seus braços. Ela arregalou os olhos, assustada.
“O que você disse?”, perguntou nervosa.
“Eu disse que quero ficar com você, Dara. Namorar você”, ele disse ainda mais firme com uma voz rouca. Ela apertou os olhos e sentiu as mãos dele em seu corpo.
“Namorar??? Nós dois??”, ela perguntou com a voz trêmula, confusa.
“Sim. Na-mo-rar”, ele reforçou as palavras.
“Eu.. eu..Eu acho que eu não entendi...”, ela tropeçava nas palavras, mas Seunghyun percebeu que ela estava nervosa.
“Tudo bem..Se você não me quiser eu vou entender..”, ele fez um gesto com o olhar e ela sucumbiu.
“Ah...Você é tão bobo...Porque ainda me pergunta se eu quero namorar você? Não consegue ver nos meus olhos?”, ela estava totalmente entregue àquele olhar. Seu coração estava batendo tão forte quanto da primeira vez que se viram.
Ele a beijou-a docemente. Aqueles beijos foram ainda mais fortes que os primeiros. Ela acariciava o corpo dele enquanto os seus corações se tocavam por baixo da pele. Seus lábios eram conduzidos apaixonadamente e o tempo ao redor já não importava mais.
[...]
Seunghyun e Sandara chegam à escola á tempo. Eles acharam melhor manter o romance em segredo, principalmente por causa da Minji. Quando entraram na sala deram de cara com as expressões assustadas dos outros alunos. Ela ficou surpresa ao ver Jiyong e Seunghyun disfarçou um sorriso para o amigo, ao mesmo tempo que tentava desviar dos olhares ameaçadores de Minji.
“Pensei que nunca mais voltaria para a escola, Jiyong”, brincou. Mas a expressão confusa no rosto de Jiyong o deixava intrigado.
“Você sabe, né? Aquelas viagens chatas com o meu pai”, ele procurava os olhos de Sandara, que permaneceu de costas fingindo arrumar umas anotações na carteira.
“Estamos quase próximos dos testes finais e você perdeu muitas aulas”, Seunghyun tenta prender a atenção de Jiyong no assunto, mas ele insiste em permanecer observando Sandara.
“E, você, Sandara? Preparada para me ajudar com as aulas atrasadas? Vou precisar de sua ajuda com as matérias”, os olhos dela saltaram. Enquanto isso, Seunghyun, posicionado atrás de Jiyong, fazia mímicas atrapalhadas de “NÃO, NÃO”. Sandara levou alguns segundos para bolar um plano metal.
“Ah, Jiyong..É que não vai dar porque eu estou estudando com uma amiga da antiga escola. Sabe, ela está bem avançada na matéria. Infelizmente não vai dar pra estudarmos juntos”, ela respondeu com medo de que ele não caísse na historia e botasse tudo a perder. Seunghyun, do outro lado, fez sinal de ‘Ok!”.
“É mesmo? Então eu posso estudar com vocês?”¸ ele, numa última tentativa frustrada.
“Ela não gosta de estudar com garotos”, ela não teve duvidas que essa ele iria engolir. Seunghyun respirou aliviado.
“Tudo bem. Eu vou me juntar com o Hyung”, Seunghyun levou um susto e tirou os óculos escuros para tentar convencê-lo de que ele seria uma péssima influencia pra estudar.
“Pode esquecer... Eu não gosto de grupo de estudos. Prefiro NÃO estudar sozinho”, Seunghyun não precisou mentir pra convencer o amigo.
Jiyong ficou sem companhia pra estudar e o plano de Seunghyun e Sandara tinha dado certo. Só não se sabia até quando o romance dos dois ficaria em segredo.
As primeiras aulas seguiram normal naquela manhã. Daesung, Jiyong e Seunghyun conversavam sem parar durante o intervalo. Jiyong tinha mil coisas pra contar da viagem e Daesung não parava de rir das piadas dele. Seunghyun não tirava os óculos escuros porque assim dava pra ver todos os movimentos de frente para o corredor sem que os outros notassem. Sim, estava tudo ok. Nenhum sinal da Minji e seus trajes minúsculos.
Por um instante Seunghyun saiu para ir ao banheiro. Ao atravessar a porta esbarrou o corpo inteiro em Minji. Ela fitou-o provocante. Usando meias pretas, shorts curtíssimos, decote por baixo da jaqueta azul escuro, ela estava mais sensual do que nunca. Ela beijou-o escandalosamente e apertou-o contra a parede de modo que ele não teve escapatória. Seunghyun não teve como resistir ao corpo quente de Minji, que o pressionava cada vez mais contra a parede. Os beijos dela eram diabolicamente sensuais demais.
“Ah, Seunghoney! Você está tão lindo hoje!Mais do que qualquer outro dia”, ela o prendia entre as pernas e acariciava seu cabelos. Ele tentava desviar o olhar dos lábios vermelhos carnudos dela. Em vão.
“Você está louca? E se algum coordenador aparecer aqui?”, ele tentava lutar contra o corpo dela.
“Desde quando você se preocupa com isso, meu bem? Nunca fomos pegos..Relaxa”, ela continuou beijando calorosamente de forma que ele não tinha forças para desprender o próprio corpo dela.
Foi quando ele abriu lentamente os olhos e percebeu dois pequenos olhos cheios de lágrimas. Era Sandara. Ela tinha visto tudo e da pior forma possível. Ela ficou silenciosa diante da cena, mas seu coração inteiro estava batendo tão forte quanto a tristeza que começou a sentir. Ela quase desfaleceu ao observar a face fria de Seunghyun, que ainda estava preso ao corpo de Minji.
Minji fitou-a de forma desprezível e ao mesmo tempo fazia um gesto cínico. Seunghyun afastou-se dela na tentativa frustrante de repugnar o corpo dela, mas nada poderia piorar a situação.
Sandara permaneceu imóvel apenas tentando acalmar o coração e as lágrimas que percorriam todo o seu rosto. Ela percorreu bem fundo dos olhos assustados de Seunghyun, talvez na esperança que ele falasse alguma coisa, não que isso consertasse alguma coisa. Mas nenhuma palavra saiu da boca dele. Ele permaneceu frio e imóvel diante do desespero dela.
Sandara saiu correndo dali. E por mais que ela corresse não conseguiria ir mais longe. Ela tentou fugir daqueles olhos negros e da mentira que eles proporcionavam ao seu coração. A dor era muito grande, mas nada se comparava a enorme decepção que ela estava sentindo naquele momento.
Seunghyun procurou por ela pelos corredores. Saiu correndo sem rumo, perdido entre os pensamentos, enquanto Minji estava furiosa por ele a ter deixado sozinha. Até que ele conseguiu encontrá-la no final do corredor em frente à sala de teatro. Ela estava lá acuada, triste, chorando, indefesa. Ele escutou o choro dela e tentou ficar silencioso, mas ela sabia que ele estava lá. Ela virou o rosto repentinamente e olhou-o com desgosto. Seus olhos estavam vermelhos. Ele tentou balbuciar alguma palavra, mas o olhar impiedoso dela não permitiu.
Ela ergueu os ombros pequenos e levantou. Secou os olhos e permaneceu olhando bem dentro dos olhos dele sem dizer uma só palavra. O olhar intenso de Sandara percorreu por dentro do corpo dele, que continuava frio de imóvel. Então, num gesto inesperado, ela aproximou-se dele, arrancou os óculos escuros do rosto dele com força, jogou-os no chão e pisou com ódio. Era como se ela estivesse quebrando a própria dignidade dele. Ele observou assustado, enquanto ela permaneceu enfurecida.
“Agora você nunca mais vai esconder as suas mentiras atrás desses óculos. Eu quebrei o que te protegia”, ela falou com uma voz firme e dolorida. As lágrimas ainda caíam em seu rosto vermelho. Ele respirava profundo tentando entender tudo.
“Dara, eu posso explicar..Você tem que entender. Foi ela que me atacou eu não queria”, ele tentou explicar o inexplicável, mas era impossível tentar convencê-la.
“Não me chama de Dara. Eu gosto muito desse nome pra ser pronunciado por alguém como você”, ela sentia raiva ao ouvir a voz dele.
“Escute, Dara. Você tem que me ouvir. Eu gosto de você”, ele tentou segurá-la, mas ela se afastou triste.
“Eu já disse! As suas palavras não me enganam mais. A sua realidade é essa. Ficar com qualquer garota que quiser e depois inventar mentiras pra elas”, ela pronunciava palavras trêmulas e cheias de dor.
“Não é verdade..Quer dizer, até pode ser verdade, mas eu realmente gosto de você. Tudo que falei foi verdade. Eu até passei por cima da minha amizade com o Jiyong, que é meu melhor amigo, pra ficar com você. Eu fiz porque realmente gosto muito de você”, ele foi bastante sincero, mas não foi o bastante para acalmá-la.
“Passou por cima da amizade do Jiyong? O que você disse? Pois eu acho que ele não merece uma amigo como você. Ele é muito melhor do que você. Sabe porque? Porque ele nunca tentou nada comigo”, ela respondeu com mágoa. Seus olhos brilharam tristemente enquanto ele a olhava com um olhar assustado.
“Quer dizer que você sempre achou que ele era melhor do eu? E não era você que dizia que não gostava dele?”
“Sim, eu nunca gostei dele como namorado. Mas ele é um ótimo amigo. Muito melhor que você”, ela percebeu o olhar triste dele, mas desprezou-o.
“Então, quer dizer que você vai ficar com ele? Vai me trocar por ele?”, Seunghyun não suportava a ideia de não ser melhor que o Jiyong, principalmente com as garotas. De fato, Jiyong era mais romântico, carismático, atencioso e sempre teve namoros sérios. Enquanto que Seunghyun era o garanhão, conquistador, sedutor e algumas vezes meio que roubava as garotas do Jiyong. Não era a primeira vez que ele se envolvia com uma garota que o amigo estava interessado.
“Quê? Não fale besteiras. O coração não é mercadoria que você pode trocar de amor a hora que quiser”, ela falou a palavra ‘amor’ e ele arregalou os olhos.
“Você disse ‘amor’? Então, está apaixonada por mim?”, ele tentou intimidá-la.
“Eu nunca me apaixonaria por alguém tão mentiroso e aproveitador”, ela falou com os olhos vermelhos e foi embora. Ele permaneceu observando os cabelos negros dela desaparecerem no final do corredor.
[...]
Na sala de aula, Seunghyun permanecia de cabeça baixa, envolvido em seus pensamentos. Apenas lembrando as palavras de Sandara. Jiyong percebeu a distância do amigo e tentou falar com ele, mas ele retrucou dizendo que estava com dor de cabeça. E num movimento involuntário, o corpo de Seunghyun virou-se para trás, na esperança que Sandara encarasse o seu olhar, mas isso não aconteceu. Ela permaneceu com o olhar voltado para a explicação do professor, atenta em suas anotações. Ele parecia não acreditar no que estava vendo. Pela primeira vez o olhar dele não buscava o dela. Mas quando ele virou o corpo para frente novamente, ela desviou o olhar triste para o corpo dele, e derramou uma pequena lágrima de desilusão.
Ao final das aulas, Jiyong se aproximou de Sandara, com um jeito moleque. Ela sorriu timidamente pra ele.
“Quero que você vá à minha festa de aniversário. Será daqui há 2 dias na minha casa”, ele iluminou o tristeza dela com aqueles olhinhos infantis.
“Não sei se poderei ir, Jiyong. Não posso deixar a minha avó sozinha”
“Não se preocupe. A festa será durante o dia. Meus pais estarão viajando, mas deixaram as recomendações para não haver bagunça durante a madrugada. Essas coisas..”
“Mesmo assim, não sei. Será no sábado..”, ela tentou desviar o olhar, mas ele a encontrava com aquele sorriso adolescente contagiante.
“Fique tranquila, Sandara. Eu não vou sequestrar você. Só quero que vá comigo. Você será a minha convidada especial. Pelo menos até o ‘parabéns’? Quero muito que vá”, ele sabia como convencer uma garota com aquele jeito adolescente. Mas Sandara estava magoada demais pra dizer sim a uma festa de aniversário.
“Jiyong, desculpa... Eu queria muito ir, mas não vai dar. Realmente eu não poderei ir”, ele percebe a tristeza nas palavras dela.
“Aconteceu alguma coisa com você, Sandara? Você parece triste”
“Hãm? Ah não, Jiyong. Está tudo bem comigo. Só estou preocupada com as provas finais”, ela tenta desviar a atenção dele, mas foi em vão. Ela vai embora. “Tem alguma coisa errada”, ele pensou.
Jiyong vai até a Seunghyun, que estava se preparando para ir embora e ao mesmo tempo tentar acompanhar Sandara até a saída:
“O que você acha que aconteceu com a Sandara, heim, Hyung? Você não percebeu que ela tá estranha?”
“Quê? Errr.. Não, não percebi nada. Ela deve está preocupada com a vovó May..”, ele tenta despistar Jiyong para tentar alcançá-la.
“Não sabia que você conhecia a avó dela”, ele ficou surpreso.
“Eu não a conheço... É que a Sandara sempre fala da avó. É isso. Eu preciso ir agora, até amanhã Jiyong”, ele consegue despistar Jiyong e vai correndo até a saída. Mas ela já tinha ido embora. Ele ligou para o celular dela, mas estava desligado.