Música para ouvir: When I was your man por Bruno Mars
Os olhos de Seunghyun foram abrindo lentamente. Os rostos ainda estavam turvos, não dava para saber quem eram. As vozes pareciam distantes. “Onde estou? O que está acontecendo comigo? Eu morri?”, ele pensou. Tudo estava muito confuso.
Até que as imagens turvas tomaram formas de rostos. Primeiro o rosto de uma pessoa estranha, um homem de óculos, olhava-o atentamente. “Ele está voltando”, o homem falou. “Graças a Deus”, outra voz sussurrava, que parecia ser o Jiyong. “Agora, é só esperar ele melhorar um pouco. Ele precisa de um bom café da manhã”, falou o homem calmamente. Seunghyun apertava os olhos com força para enxergar, tentava mover os braços, mas estavam pesados.
“Está certo, doutor. Já providenciei isso”, Jiyong falou baixinho. Seunghyun, numa tentativa quase que dolorida, conseguiu virar o rosto, e finalmente viu o rosto do Jiyong, que estava do outro lado da cama.
“Aqui está os remédios que ele terá que tomar. Ah, não esqueça de trocar o soro quando este acabar”, o médico, arrumando a maleta preta, assinou um papel, que parecia um atestado médico.
“Mas ele vai ficar bem mesmo?”, Jiyong perguntou preocupado.
“Não se preocupe, filho. Ele vai ficar bem. Tudo que ele precisa é descansar, beber muita água, alimentação e dormir... E nunca mais fazer isso de novo. E voltar para a reabilitação”, ele respondeu sério. Jiyong fraziu a testa, muito preocupado, pensativo.
Seunghyun, tentando equilibrar os braços na cama, ergueu o tronco lentamente. A visão ainda estava embaçada, mas ele conseguiu ver a aflição de Jiyong.
“Jiyong... O que aconteceu comigo?”, perguntou, com a voz pesada.
“Cara…Você quase me matou de susto! Você quase morreu, cara!”, ele falou, ainda nervoso.
“O QUÊ??? COMO ASSIM??? O que aconteceu???”, ele tentava se equilibrar com os cotovelos.
“Não sei. Só sei que a Minji apareceu gritando no final da festa dizendo que você não estava respirando... Quando entrei no quarto você estava aí, imóvel, gelado, e não respondia. Foi a pior coisa que vi na vida”, Seunghyun percebeu o olhar assustado do amigo e ficou chocado.
“Cara, eu não me lembro de nada. Nem de como vim parar aqui no seu quarto. A única coisa que lembro foi da Minji trazendo um refrigerante... O resto apagou na minha memória”, ele apertou a testa com uma das mãos. Jiyong o ajudou a ficar sentado na cama.
“A única coisa que ela me disse foi que você tomou algo depois do refrigerante... Fala a verdade: você voltou a beber? Porque você sabe que não pode, o tratamento...E...”
“Eu não me lembro de nada, mas eu posso te dizer que eu não voltei a beber. Tá certo que eu quis muito na noite passada, mas eu consegui resistir...”, ele respondeu confuso.
“Você tem certeza? Não precisa mentir pra mim..Somos amigos há vida inteira, sei do seu problema e não vou permitir que você faça isso com você mesmo....”, Jiyong olhou-o com jeito sério.
“Como assim, cara! TÁ MALUCO! Claro que eu não bebi…”, ele franziu a testa.
“Não é isso que diz o seu exame de sangue...”, ele segurava um papel com o resultado dos exames. “Aqui diz que você tem álcool no sangue...”, falou pausadamente. Seunghyun arregalou os olhos, assustado, pegou o papel da mão dele e ficou confuso.
“Mas isso não faz o menor sentido.”, ele respondeu olhando fixamente o olhar desconfiado de Jiyong.
“Por acaso quer se matar??? Como é que você mistura essa porcaria com vodka?? Porque foi isso que você tomou!”, Jiyong não conseguia acreditar nas palavras de Seunghyun.
“Eu já disse! Não me lembro de nada que aconteceu aqui! CADÊ A MINJI HEIM???”, ele tentou se levantar da cama, mas se desequilibrou.
“Ela foi pra casa, assustada. Disse que ligaria depois pra você...”
“Realmente eu não sei como isso aconteceu. Eu não sei...”, ele apertava a testa como se estivesse tentando ativar o cérebro para trazer de volta a memoria da noite passada. Mas era em vão.
“E você e a Minji, heim? O que foi aquilo? Provavelmente você também não se lembra o que estavam fazendo...”, Seunghyun engoliu seco.
“Eu e a Minji???...”, ele fez uma cara inocente.
“Pois é.. Nem vou dizer o que eu vi quando abri a porta...”, Jiyong abaixou o rosto envergonhado.
“Isso não tá acontecendo comigo!”, fez a cara mais assustada do mundo.
“Até aí, tudo bem. Você e a Minji num sex privê na minha cama….Outra coisa, completamente deprimente, foi isso bem aqui que encontrei..Eu também demorei para acreditar nisso, Hyung. Demorei pra acreditar...”, Jiyong pegou um saquinho com pastilhas azuis. Elas estavam em baixo da cama. Seunghyun ficou chocado, apertou os olhos e não acreditou no que estava vendo.
“O QUE É ISSO??? NÃO...ISSO NÃO É MEU! Quem trouxe isso pra cá”, ele ficou espantado.
“Eu tive que despistar a polícia, que tava fazendo a ronda no bairro. Imagina a minha situação? Já imaginou: o filho do prefeito e o melhor amigo dele presos por porte de drogas?”, Jiyong falou irritado.
“Jiyong, espera, você tem que me ouvir! Você sabe que eu não uso drogas, cara! ISSO NÃO É MEU. ALGUÉM ME DROGOU ONTEM À NOITE!..Cadê o meu celular???”, ele procurava o celular desesperadamente.
“Tá aqui o seu celular..Estava jogado debaixo da cama”
“Preciso ligar pra Minji..Ele vai ter que me explicar o que aconteceu aqui...”, ele ainda estava um pouco tonto. Jiyong observava o nervosismo do amigo.
“O café da manhã está servido..”, disse a governanta ao entrar no quarto. Seunghyun ergueu o corpo com dificuldade e, de pé, pôde ver a bagunça do quarto.
“Providenciei roupas novas e toalhas no quarto de hóspedes pra você, Hyung. Fique à vontade..”
“Ei, Jiyong..Desculpa por isso, irmão.. Eu não queria estragar a sua festa de aniversário..”, ele falou com a cabeça baixa, fitando os pés de Jiyong.
“Não se preocupa com isso.. Tá tudo bem agora..”, ele sorriu aliviado. Seunghyun apertou os olhos doloridos.
“Depois que eu falar com a Minji muita coisa vai ser esclarecida..”, ele respondeu.
“Ah, a propósito…Antes que você me pergunte, eu e a Sandara estamos namorando”, Jiyong falou enquanto fechava a porta do quarto. Seunghyun permaneceu parado, tentando recobrar as ideias. A cabeça dele girava. Uma enxaqueca dos infernos. Mas nada era mais doloroso do que a frase “Eu e a Sandara estamos namorando”.
Seunghyun demorou no banho. Talvez se ele ficasse umas 2 horas debaixo daquela ducha quente as dores e a angústia fossem embora. Ele desceu para a mesa do café. Alias, uma bela mesa de café da manhã. A casa de Jiyong era tão grande que Seunghyun sempre tinha a impressão de estar sozinho lá. Tão verdade, que ele não teve cerimônias para encher a boca com waffles de amoras. Mas levou o maior susto ao perceber que a governanta estava, em pé, do seu lado.
“Você quase me matou susto..”, disse, engasgando com o waffle.
“Não pode exagerar nos doces, senhor Seunghyun. Deve tomar mais sucos e frutas. São ordens do médico...”, falou séria. A governanta alta, gorda e assustadora. Ela era britânica e era muito estranho o sotaque dela quando falava em coreano.
“Tá certo.. Cê sabe onde está o Jiyong?”, perguntou recuperando o fôlego.
“Ele foi até a casa da namorada”, ela respondeu observando um pedaço de bolo gigante que Seunghyun ia devorar.
O celular dele toca e ele quase deixa-o cair. Era a Minji.
“Olâ, Minji? Onde você está?”, perguntou com a voz mais rouca.
“Oi, honey? Tudo bem com você? Já está se sentindo melhor?? Fiquei tão aflita...”, ela falou com uma voz melosa.
“Honey coisa nenhuma! Vem aqui agora. Eu quero saber que palhaçada foi aquela de ontem à noite!”, ele falou alto. A governanta saiu de fininho da sala.
“Seunghyun, eu-eu não sei.. Olha, eu preciso desligar agora. Te ligo mais tarde. Um beijo”, ela desligou.
“ALÔ? MINJI?DROGA!”, ele ficou furioso. Estava na cara que a Minji tinha alguma coisa a ver com o lance dos comprimidos e da bebida. Não era a primeira vez que isso acontecia.
[..]
Longe dali, Jiyong parou o carro na porta da casa de Sandara, ansioso para vê-la. Era o dia seguinte do “Somos namorados”. O coração dele batia muito forte. Ele escutou os passos apressados de Sandara descendo as escadas. Quando ela abriu a porta os olhos dele se encheram de alegria. Ela sorriu um sorriso tímido. Usava um casaco azul turquesa fofo. Os cabelos levemente bagunçados. Ele a tocou levemente no rosto e beijou-a na bochecha. Ela fitou os pés dele, tímida. Talvez ela não estivesse acostumada com tanta novidade. Por outro lado, Jiyong estava radiante e pronto para ser o melhor namorado do mundo.
“Trouxe alguns doces da festa de ontem”, ele entregou uma cestinha recheada. Ela segurou com os dois braços, estava lotada. Cheia de doces deliciosos.
“Obrigada..Não precisava se dar o trabalho de vir deixar aqui. Podia me entregar na escola amanhã”, ela respondeu apertando a cesta contra a barriga.
“Ah, você sabe que não é nenhum trabalho.. Trouxe uns para sua avó também”, ele aproximou o corpo para mais próximo dela.
“Ela vai adorar..”, ela não largou a cesta dos braços
“Onde está a vovó May? Ela está?”, ele perguntou esticando o pescoço para dentro da casa. Sandara permanceu parada na porta.
“Ah, acho que ela está descansando no quarto..”
“Que pena. Queria entregar os doces pessoalmente a ela..”, ele segurou as mãos de Sandara em volta da cesta e ela se assustou. Vovo May surgiu silenciosa atrás da porta.
“Não, estou aqui. Porque não me disse que este rapaz simpático estava aqui, Dara?”, ela oberservou-o. Jiyong deixou o seu olhar infantil encontrar os dela.
“Ah, a senhora está aí? Trouxe alguns doces do meu aniversário para senhora. Estão de-li-ci-o-sos”, ele queria conquistar vovó May,mas ela era desconfiada demais para cair no velho “Conto dos doces para a vovozinha”...
“Que gentil...Você acertou! Eu adoro doces. Mas não posso comer muitos por causa da minha dieta e os remédios. Mas muito obrigada, meu filho”, ela respondeu com a voz firme, enquanto observava os olhares dele para a neta.
“Não precisa agradecer. É uma pequena lembrança da festa de ontem..”, ele conseguiu arrancar um sorriso de vovó May, que permaneceu olhando-o atenta. Sandara permanecia segurando a cesta, como se estivesse guardando a porta.
“Vai deixar o rapaz em pé na porta, Dara? Não vai convidá-lo para entrar?”, Sandara se assustou.
“Ah.. Entre, Jiyong. Fique à vontade”, ela se espremeu entre ele, a cesta e a porta, e deixou-o entrar.
Ele entrou e logo se esparramou no sofá. Sandara franziu a testa, um pouco desconfortável com aquela situação. Talvez não fosse o momento certo para apresentá-lo para a avó. Mas ele estava ali, todo sorridente, perfeitamente confortável. “Hoje não é um bom dia para falar sobre eu e o Jiyong”, ela pensou. Sandara não havia contado nada para a avó, estava fugindo do assunto. Mas vovó May era esperta demais e já sabia o que estava acontecendo.
Jiyong observava a decoração da sala, atento a cada detalhe. Uma casa simples e aconchegante, cheia de coisas antigas. Flores deixavam o ambiente alegre e juvenil. Era a primeira vez que ele entrava em uma casa assim. Acostumado a frequentar lugares nobres, cheios de obras de arte, móveis caros, ele se sentiu um pouco incomodado. Ele vivia numa mansão cinematrogáfica. Ela morava numa casa da pefireria.
“Quer beber alguma coisa? Um refrigerante, suco, café?”, Sandara perguntou.
“Ah, um suco, por favor..”, ele respondeu tímido.
Ele seguiu Sandara até a cozinha, e ficou observando. “Como pode ser tão pequeno?”, ele pensou assustado. Ficou franzindo a testa enquanto ela pegava o suco na geladeira.
“Vocês não têm empregada?”, ele perguntou inocente. Sandara ficou espantada com a pergunta.
“Não”, ela respondeu entregando o suco pra ele.
“Então, quem faz a comida e arruma tudo?”
“Eu”, ela respondeu observando a expressão perplexa dele.
“Você?..”
“Sim. Antes da minha avó ficar doente, era ela quem cozinhava e cuidava da casa. Mas depois que ela adoeceu eu tive que aprender a fazer tudo”, ela respondeu e ele continuava chocado.
“Mas uma garota não deveria fazer isso. Deveria somente se preocupar com os estudos...”
“Você tem razão. Mas nem todas as garotas jovens têm grandes responsabilidades como eu. Além disso, não há nenhum problema em cozinhar e arrumar a casa. Faço isso com prazer”
Ele permaneceu chocado com a firmeza dela. As suas doces palavras, seu jeito de interpretar a própria vida. Isso deixou-o assustado. Jiyong era acostumado a namorar garotas ricas, dependentes dos pais, escravas da beleza e somente preocupas em aproveitar a juventude. Sandara era frágil e ao mesmo tempo forte; bonita e inteligente; durona e doce.
“Desculpa dizer isso..É que fiquei preocupado com você. Agora sou seu namorado. Quero cuidar de você e do seu futuro..”, ele falou aquelas palavras, ao mesmo tempo que franzia a testa de modo que quase cuspiu o suco.
“O que tem nesse suco?”, ele perguntou.
“Como assim? É um suco normal de caixinha”
“Err, eu não tomo sucos industrializados”, ele respondeu . Sandara arregalou os olhos surpresa.
“Desculpa..Mas aqui em casa só temos sucos industrializados”, ele ficou envergonhado, enquanto que ela achou aquilo, no mínimo, uma falta de educação, uma desfeita. “Qual o problema com o suco? Em que planeta ele vive? No fantástico mundo dos riquinhos?”, ela pensou.
“Err, desculpa, Sandara. Não quero que você pense mal de mim. O suco estava ótimo, mas é que eu tenho problemas gástricos, sabe?..”, ele mentiu.
Ela ignorou aquilo. Talvez fosse melhor pular pra parte do almoço, que ela mesma preparou. Ela havia preparado um delicioso samegyeopsal*.
Jiyong olhou a mesa e abriu um sorriso amarelo.
“Sente-se, meu filho. Fique à vontade. Esse samegyeopsal está uma delícia..”, Vovó May colocou alguns pedaços no prato dele. Jiyong comeu devagar, tímido. Talvez se ele comesse bem devagar elas não percebessem a sua agonia.
“Está gostando?”, Sandara perguntou, enquanto ele mastigava cuidadosamente.
“Err, está delicioso..”, ele falou devagar.
“Que bom. Então pegue mais..”, ela colocou mais dois pedaços no prato dele, que começava a suar frio.
As mãos pequenas de Jiyong estavam geladas. Seus olhos começaram a ficar vermelhos. O estômago dele revirava. Até que, num impulso, ele levantou correndo e foi direto para o jardim e vomitou tudo.
“O que houve com ele?”, vovó May perguntou assustada.
Sandara foi correndo até o jardim e ele ainda estava vomitando. Ela levou uma toalha e água. Ela segurou-o cuidadosamente pelas costas. “Qual o problema com o meu samegyeopsal?”, ela pensou.
Jiyong virou o corpo até ela, envergonhado. Ele estava horrível, pálido. Ela ergueu os ombros dele e levou-o até o quarto de vovó May.
“É melhor descansar um pouco aqui na cama.. Vou trazer um remédio pra você”, ela falou preocupada.
“Desculpa, Sandara. Eu estraguei tudo..”, ele falou baixinho. Ela voltou o corpo até ele e beijou-o carinhosamente na testa.
“Não precisava mentir pra me agradar. Você nunca comeu esse tipo de comida?”
“Não. Mas estava gostoso.. Achei que ia ficar bem..”, ele respondeu.
“Não seja bobo. Eu sei que você não é acostumado a comer porco. Não tente me enganar. Agora está aí, doente. E por minha culpa…”
“Não se preocupa. Só preciso que fique aqui comigo.”, ele segurou a mão dela.
“Você já está se sentindo melhor?”, ela perguntou observando os braços dele trazendo o corpo dela até ele.
“Só se você me beijar”, ela arregalou os olhos. Os lábios vermelhos pequenos de Jiyong percorreram no queixo de Sandara. Ele segurou os cabelos dela, mas eles teimavam em tocar o seu rosto. Ele a beijou carinhosamente. Ainda dava pra sentir o gosto do chá na boca dele.
[...]
Jiyong já estava se sentindo melhor e achou melhor ir pra casa. afinal, ainda estava preocupado com o Seunghyun. Ainda tinha um lance muito sério pra conversar com ele. Com ele e com a Minji. Sandara não sabia de nada.
“Eu preciso ir pra casa agora”, ele se despediu de vovó May e Sandara.
“Da próxima vez eu prometo que não ter porco no almoço”, vovó May brincou.
“Haha! Tudo bem. Desculpa por tudo, vovó”, respondeu com um sorriso infantil.
Sandara o acompanhou até a porta.
“Parece preocupado. Aconteceu alguma coisa?”, ela perguntou. Jiyong ficou surpreso. Ele não podia engana-la.
“Verdade.. Estou mesmo preocupado.. Com o Seunghyun. Ele não está nada bem. Está lá em casa, inclusive”, ele respondeu. Sandara ficou assustada. Ela não fazia ideia do que tinha acontecido. Até então, tudo que ela sabia era da tórrida noite de amor entre ele e a Minji na noite anterior. “O que aconteceu com o Seunghyun?”, ela pensou aflita.
“E o que aconteceu com ele?”
“Vou lhe contar porque acho que não devemos ter mais segredos agora. Mas tem que ficar em segredo”
“Tudo bem. Pode confiar em mim”
“Seunghyun estava com drogas ontem a noite e estava inconsciente no meu quarto”, ele respondeu baixinho. Sandara ficou em choque.
“Como assim?O SEUNGHYUN COM DROGAS???”, ela ficou atônica.
“Shhhh… Ninguém pode saber disso”
“Mas ontem ele e a Minji não estavam juntos?”, ela perguntou com os olhos vermelhos.
“Sim, eles estavam juntos. Alias, mas depois que você foi embora a coisa ficou tensa. Ela desceu as escadas gritando, dizendo que ele estava morto.. Foi um pânico total”, ele falou ainda nervoso. Sandara parecia não acreditar nas palavras dele. Ela estava muito chocada.
“Mas, mas…Mas ele está bem? O que a Minji fez com ele?”, ela perguntou com a voz rouca.
“Ele está bem. Já foi medicado. A Minji não teve nada com isso. Ela ficou aflita também. Não quero nem pensar no que poderia ter acontecido…”, as palavras de Jiyong deixaram Sandara aflita.
“Graças a Deus..”, ela levou a mão no peito num gesto de alívio.
“Nem me fale. Seunghyun é melhor amigo da vida inteira. Praticamente o meu irmão mais velho. Estou muito preocupado com ele..”
“Tem mais alguma coisa?”, ela perguntou
“Tem muita coisa sobre o Seunghyun que você deveria saber..Mas é melhor deixar pra outro dia. Tenho que ir mesmo..”, ele se despediu dela com um beijo apressado e foi embora.
Sandara permaneceu com o coração despedaçado. Lágrimas doloridas percorreram todo o rosto dela. O que teria acontecido com o Seunghyun? Sera mesmo que o príncipe encantado tinha perdido todo o brilho? E o que a Minji tinha a ver com isso tudo? Claro, porque Sandara sabia que a Minji não era 100% inocente nessa história toda.
[...]
Seunghyun chegou à porta da casa da Minji. Ele demorou 5 minutos até decidir tocar a campainha. Song, a irmã mais nova de Minji, atendeu a porta. Ela sorriu pra ele, mas logo se assustou com a frieza do corpo dele.
“Onde está a Minji? Preciso falar com ela”, ele falou com uma voz profunda. Song se sentiu intimidada.
“Ela está dormindo...Eu posso chamar ...”
“Não precisa. Eu sei o caminho”, ele praticamente atropelou a garota no portão e entrou. Song ficou sem entender nada.
Olhou rapidamente na sala de estar e na cozinha pra ter certeza que os pais da Minji não estavam em casa. Subiu as escadas correndo. Abriu o quarto dela. Ela estava dormindo profundamente. Ele suspirou um pouco antes de ter o maior acesso de raiva de sua vida.
“ACORDA, MINJI!”, ele gritou. Ela se assustou e ergueu o corpo rapidamente.
Eram 09:30 da manhã de domingo e Minji nunca acordava tão cedo assim. Ela tirou os cabelos do rosto, bocejou e apertou os pequenos olhos, ainda maquiados.
“Seunghoney??? Meu amorzinho, que bom que você veio.. Mas não acha que tá um pouco cedo? Por acaso já está com saudades de mim?...”, ela se arrastou na cama até a ponta e segurou nos ombros dele, prestes a beijá-lo.
Seunghyun, numa explosão de fúria, empurrou Minji na cama. Ela ficou assustada.
“Quantas vezes eu vou ter que pedir pra não me chamar assim?”, ele prendeu as duas pernas dela. Ela usava apenas uma blusa rosa com os dizeres I’m your b.i.t.c.h.
“O que está acontecendo com você? Porque está me tratando assim? Eu salvei a sua vida. Se eu não estivesse lá, você teria ...”, ela ergueu o corpo como se tentasse abraçá-lo novamente.
“MENTIRA! VOCÊ ESTÁ MENTIDO! O que você colocou na minha bebida?”, ele continuava apertando as pernas dela com força, talvez na tentativa de não machucá-la de verdade porque estava tomado pela fúria.
“Meu amor, eu nunca faria mal a você. Sabe disso. Eu saí por alguns minutos do quarto e fui buscar um refrigerante na festa e quando voltei você estava agonizando”, ela se aproximou mais ainda do corpo dele.
“Você me drogou, Minji! Porque fez isso?”, ele soltou as pernas dela. Apertava os olhos na tentativa de lembrar alguma coisa da noite passada, mas era inútil.
“Você acha mesmo que eu seria capaz de fazer algum mal a você? Eu te amo tanto.. Nunca faria isso..”, ela segurou a jaqueta dele devagar e foi trazendo o corpo dele cada vez mais para perto dela.
“Então, quem fez isso comigo? Quem???”, ele sentou na beira da cama, apertando a cabeça com força. Ainda estava confuso com tudo aquilo. Nada fazia sentido.
“Não sei. Mas sei das pessoas que estavam naquela festa: aqueles amigos do Jiyong”, ela falou.
“Que amigos do Jiyong?”
“Não gosto de falar do Jiyong. Ele é seu melhor amigo”, ela desceu da cama e ficou de costas pra ele.
“O que tem o Jiyong? O que está querendo dizer?”
“O Jiyong tem ciúmes de você com aquela namorada santinha dele”
“O que a Sandara tem a ver com isso?”, ele perguntou irritado.
“O que ela tem a ver com isso? Vou te dizer.. Por acaso você acha que eu sou cega? Aquela CDF metida não tirava os olhos de você a festa inteira mesmo do lado dele. Você acha o quê? Que a festa inteira não tava vendo aquela palhaçada?”, ela falou com ar de deboche.
“Você deve está louca, só pode ser isso. O Jiyong é meu amigo..Até agora não entendi até onde você quer chegar com essa história. O que tem a ver esse sua suposição doentia com o que aconteceu ontem a noite?”, ele perguntou fitando as curvas de Minji através da blusa transparente.
“Amor, você não percebe? Aqueles amigos na festa do Jiyong.. Gente estranha, alguns filhos de políticos, juízes, delegados. Muitos deles não gostam de você. Você sabe, aquele seu probleminha com a bebida. Não estou dizendo que o Jiyong tem alguma coisa a ver com isso, mas é muito estranho você não acha? Ouvi dizer muita coisa sobre eles...”, ela falou tocando os lábios com os dedos. Seunghyun não sabia, mas a Minji costumava fazer isso quando falava mentiras.
“O que você está falando? Que eu posso ter sido vitima de um “boa noite cinderela” dos amigos do Jiyong? O que você tem na cabeça, Minji?.. Eu não acredito nisso. Eu quero saber a verdade”, ele falou irritado mais ainda.
“Honey, você acredita se quiser. Só não quero que pense que fui eu..”, ela acariciou o pescoço dele.
“Não venha tentar me enrolar, garota. Eu conheço seu joguinho..”, ele pegou a mão dela com força.
“Porque me trata assim? Você sabe que eu sou louca por esse jeito mandão, agressivo..”, ela apertou a camisa dele e deixou que ele soltasse a outra lentamente. Ela beijou-o sensualmente.
Lentamente, Seunghyun foi se entregando aos beijos de Minji de uma forma que ele não conseguia controlar. Ela tirou a blusa e deixou que ele tomasse conta de seu corpo.
Minji sempre sabia como domar o gênio difícil de Seunghyun. Bastava um beijo, um toque, para ele se entregar de vez aos desejos dela. Mas dessa vez alguma coisa estava diferente no olhar dele. Ele parecia buscar a verdade, afinal, ele também sabia o ponto fraco da Minji.
[...]
Os pais de Minji chegaram em casa e estranharam a moto de Seunghyun no portão. Song, pulou do sofá na tentativa de tentar impedir que eles subissem até o quarto dela.
“Aquela moto que está lá fora não é do Seunghyun?”, perguntou a mãe.
“Err, que moto, mamãe?”, Song tentou disfarçar.
“Não minta pra mim, Song. Onde está a Minji?”, ela perguntou séria.
“O que está acontecendo aqui, querida? De quem é aquela moto”, perguntou o pai de Minji.
“É exatamente isso que estou perguntando a nossa filha..Mas ela não quer me responder”
“Song, responda: a Minji está no quarto dela com aquele garoto marginal?”, ele perguntou furioso. Song começou a tremer com medo do pai.
“Papai, por favor. Não faça nada com a Minji...”
“Dessa vez eu acabo com ele..”, ele subiu as escadas, logo atrás vieram a esposa e a filha aflitas. Song sabia que Minji e Seunghyun tinham encontros secretos na casa dos pais, mas nunca poderia imaginar que um dia a irmã seria pega.
Ele abriu a porta e se deparou com a pior cena de sua vida: Minji e Seunghyun dormindo juntos. E sem roupas.
“MINJI!”, eles acordaram atordoados.
“PAI???? MÃE???”, Minji falou aflita.
“O QUE ESSE MARGINAL ESTÁ FAZENDO AQUI???”, o pai dela gritou.
“Ei, eu não sou marginal não”, Seunghyun respondeu. O pai de Minji odeia o Seunghyun com todas as forças e nunca apoiou o envolvimento da filha com ele. Desde o acontecimento da festa da escola, em que a Minji teria perdido a virgindade.
“EU CHAMO DO JEITO QUE EU QUISER, SEU MARGINAL! SAIA DA MINHA CASA AGORA, OU EU CHAMO A POLICIA!”, ele gritava de ódio.
“PAI! Pelo amor de Deus! Não fale assim com ele”
“E você, vista uma roupa antes que eu mesmo lhe dê uma boa lição”, ele encostou a mão no rosto da Minji. Seunghyun puxou-a para seu lado para protegê-la.
“Desculpa, mas não vou deixar o senhor bater nela”, ele falou num ato de coragem. O pai da Minji foi em direção de Seunghyun para bater nele quando Minji gritou:
“NÃO, PAI! NÃO FAÇA NADA COM O SEUNGHYUN POR FAVOR! PORQUE ESTOU GRÁVIDA DELE”
Todos ficaram parados, espantados. A mãe colocou a mão na boca. A irmã balbuciou fraquinho “OH, MEU DEUS!”. O pai, com lágrimas nos olhos, pálido, sem respiração, e, num impulso sem pensar, se aproximou de Minji - ela teve muito medo – e abraçou-a cuidadosamente.
Seunghyun estava em choque. Que parte do “EU ESTOU GRÁVIDA DELE” ele não entendeu? Ele não encontrava explicações para o que estava acontecendo ali.
Pela primeira vez na vida Seunghyun não sabia como agir. Ele observou Minji sendo abraçada pelo pai, a expressão serena no rosto dele. A mãe, aflita. A irmã assustada com tudo aquilo.
Estava em pânico e sozinho. Ele não estava preparado para ser pai, ainda mais de um filho da Minji.
Longe dali, depois de quase ser massacrado pelos pais da Minji. Depois de sofrer uma tortura mental e ouvir toda aquela ladainha de assumir compromisso com ela, ele pegou a moto e saiu sem rumo. Aquele seria o domingo mais tenebroso de todos os tempos.
Ele teve vontade de ver Sandara e aqueles cabelos negros. Foi até a casa dela. Ele não tocou a campainha. Permaneceu em pé ao lado da moto observando a janela do quarto dela. Era como se ele soubesse que ela estava esperando por ele.
De fato, ela apareceu na janela. Quando ela avistou aqueles olhos perturbadores seu coração disparou. “Oh, meu Deus! Ele está aqui! Ou estou sonhando?”, ela pensou. Não teve dúvidas: desceu as escadas muito rápido. Ao chegar ao portão seus olhares se encontraram como na primeira vez. Ela não pensou em mais nada. Beijou-o com toda a paixão que estava sentindo. Como naquela vez que os dois se beijaram pela primeira vez no parque.
Mas Sandara sentiu algo diferente em Seunghyun. Algo diferente no beijo dele. Um gosto diferente. Ela sabia que ele tinha estado com a Minji. E Seunghyun também sentiu algo diferente no beijo dela. Os dois se olharam profundamente, como se estivessem se analisando. Sandara percebeu o olhar aflito de Seunghyun e tocou-o carinhosamente em seu rosto. Ele segurou a mão macia dela.
“Minji está grávida!”