Seunghyun acordou às 4h da manhã. Não tinha dormido quase nada. Minji passou a noite inteira o infernizando mandando mensagens de textos de 5 em 5 minutos.

“Só queria dizer que te amo, Seunghoney”

“Ainda tá acordado, honhey? Tô com saudades”

“Adorei a tarde com você”

“Tem amo, meu noivinho”

“Ahhh, MAS QUE INFERNO”, Seunghyun odiava aquilo. Ele não entendia essa palavra amor vindo da boca de um ser tão maquiavélico quanto a Minji. Ela era dissimulada e fazia esse tipo de coisa o tempo todo só pra irritá-lo. Aproveitou a gravidez para massacrá-lo.

..........

Seunghyun levantou da cama. Eram 04:20 da manhã. Ainda tinha estrelas no céu. Sacodiu o cabelo, apertou os olhos e ligou o computador. Tinha que estudar ou ia se ferrar em mais uma prova. A tão temida prova de Literatura Estrangeira. A matéria que ele tinha mais dificuldades.

“Porque eu tenho que estudar literatura estrangeira se eu odeio poesias e peças de teatro?”, ele falou.  Realmente ele não era fã desse tipo de coisa. Gostava mais de música e roupas.

“Talvez se a Dara estivesse aqui pra me ajudar...”, ele lembrou que Sandara gostava de literatura e que até escrevia poemas de teatro. “Como ela pode gostar disso? É tão chato..”, ele franziu a testa.

Ele abriu o caderno e começou a pesquisar artigos nas internet.

“Vamos lá, Seunghyun. Você tem menos de 5 horas até aprender tudo”. Ou ficará bem difícil a situação para conseguir os pontos.

.......

“Acorda, Seunghyun”

Lila sacodiu os ombros do filho, que estava debruçado por cima do notebook.

“Ei, Seunghyun? Acorda”

Ela insistiu.

Ele permaneceu na mesma posição.

“Seunghyun? Seunghyun? Acorda! São 7h da manhã”

Ele abriu os olhos lentamente.

Fez uma cara de dor e resmungou.

“Aaahhh.. Eu quero dormir...”

Ele virou o rosto pro outro lado.

Lila sacodiu os ombros dele outra vez.

“Seunghyun? Acorda. São 7h da manhã. Vai se atrasar para a prova”

Ele levantou a cabeça muito rápido.

“Hãm? O QUÊ???

Ele derrubou o caderno.

“Se não correr vai se atrasar”

Ele olhou para o relógio. Eram 07:05 da manhã.

“Como pode ser tão tarde? Porque não me chamou mais cedo, mãe?”

Ele correu pro banheiro.

“Estou de chamando a horas, mas você não me responde”

Ele escovou os dentes na velocidade da luz.

“Eu tava estudando e caí no sono depois”

Ela o entregou a toalha de banho.

Ficou olhando o filho na porta do banheiro.

“Parece cansando, meu filho.. Porque não me pediu ajuda? Sabe que gosto de estudar com você”, ela olhou pra ele com carinho.

“Mãe, eu já tenho 21 anos! Isso seria humilhante.. “

“Ah, não diga isso.. Você sabe que pra mim você será sempre meu garotinho...”

Ela se aproximou dele e lhe deu um beijo de café na testa.

Ele sorriu.

Seunghyun sentiu o perfume de lavanda da mãe.

“Ah, mãe!... “

Ela sorriu de volta.

“Não demore. Ou vai chegar depois da prova”

Ela atravessou a porta do quarto e saiu.

Ele estava atrasado! Muito atrasado!

[...]

Seunghyun quebrou o recorde de rapidez. Chegou na escola faltando 2 minutos para tocar o primeiro sinal. Um coordenador até duvidou que ele fosse conseguir, mas ele correu tão rápido que parecia um meteoro.

“Ufa! Finalmente cheguei!”

A sala estava silenciosa. O professor começou a distribuir as provas. Seunghyun ainda estava controlando o fôlego por causa da corrida. Ele ajeitou o corpo na carteira, tirou os óculos escuros e pegou a caneta.

Jiyong o cutucou.

“Ei, Hyung? Você estudou pra essa prova?”

“Dei uma lida na madrugada”

“Você tá maluco? Dizem que o professor fez uma prova muito difícil só pra ferrar a gente. Na verdade: eu e você”

“Quê? Porque diabos eles faria isso?”

“Sei lá. Vingança. Você sabe.. Aquele lance da compra das provas, lembra?”

Seunghyun suspirou.

O professor se aproximou da fila deles.

Jiyong ajeitou os ombros para trás.

Seunghyun permaneceu imóvel.

O professor terminou de entregar a provas e ficou na frente pra turma.

“Muito bem. Podem começar. Boa sorte pra todos. Alguns tão precisando”

As suspeita de Jiyong tinham se confirmado.

“Seja o que Deus quiser” , falou Jiyong baixinho.

......

A prova estava tensa. Difícil. Foi o próprio demônio que elaborou aquelas questões. Seunghyun apertava a caneta o tempo todo até que acabou quebrando.

“Merda”

“Algum problema senhor Seunghyun?”

“Err, a minha caneta quebrou”

O professor ergueu a cabeça. Ele estava sentado na mesa de frente para o quadro.

“Alguém, por favor, tem uma caneta pra emprestar para o senhor Seunghyun?”

“Eu tenho, professor”, Sandara ergueu a mão.

Seunghyun olhou para ela. Os olhos dele mostravam o desespero.

Diversas vezes ele mexia os lábios e Sandara entendia as palavras “Me ajuda”.

Ela estava numa posição desfavorável na sala. A carteira dela estava muito atrás dele. ficava difícil ajudá-lo estava tão distante.

Jiyong cutucava-o sem para e isso o assustava. De vez enquanto Jiyong também lançava olhares para Sandara, mas ela também estava distante dele.

“Preciso fazer alguma coisa” ela pensou.

Até que Sandara teve uma Idea.

Enquanto isso, lá na frente, Seunghyun estava quase quebrando a caneta emprestada. Só tinha conseguido responder 4 da 10 questões da prova. E mesmo assim, não sabia que estavam corretas.

Ele sentiu outra cutucada de Jiyong.

“Ei, Hyung? Estamos salvos”

Jiyong encostou a mão no ombro dele e lhe entregou um pedaço de papel dobrado bem pequeno. Ele colocou entre as pernas e abriu-o lentamente. Eram as repostas da prova. E a letra de Sandara.

Ele leu rapidamente o que tava no papel e dobrou-o novamente.

 “Estamos sim! Salvos!”

Seunghyun, cuidadosamente, passou a cola para Jiyong.

E foi aí que eles cometeram um grande erro.

Deixaram o papel cair no chão!

“DROGA, Seunghyun! Olha só o que você fez?”

“EU? O que aconteceu?”

Jiyong tentou puxar o papel com a perna, mas se atrapalhou e a prova dele caiu no chão.

Seunghyun, numa atitude maluca, jogou a caneta no chão e se abaixou para tentar pegar a cola, que voou para debaixo da carteira.

Sandara ficou aflita.

“Essa não! Isso não podia ter acontecido. Onde eles estão com a cabeça?”

O professor percebeu alguma coisa estranha e ergueu a cabeça.

“O que está acontecendo?”

Seunghyun se assustou e bateu a cabeça na carteira.

“Hei, Hyung? O que está fazendo? Pega logo essa droga de papel..”

“Eu tô tentando né?”

O professor levantou da carteira e caminhou até eles.

Jiyong ficou sem respirar.

Sandara estava com o coração na mão.

Seunghyun esticou o braço e conseguiu pegar o pequeno papel debaixo da carteira.

Foi quando ele viu o pé do professor.

“MERDA! É o meu fim!”

O professor olhou para os dois.

Jiyong deu um sorriso amarelo.

Seunghyun se levantou muito rápido.

“Posso ver o que é isso que tem na mão, senhor Seunghyun?”

Ele engoliu seco.

“Eu tô muito, muito, muito ferrado!”

Ele o entregou.

O professor desenrolou e continuou fitando Seunghyun e Jiyong.

“O que significa isso? É uma cola, senhor Seunghyun?”

Ele ficou parado.

O professor virou imediatamente para Jiyong, que quase caiu da carteira.

“Por acaso o senhor também estaria colando, senhor Jiyong?”

Ele pegou a prova de Jiyong e comparou as respostas. Estavam absolutamente iguais às do Seunghyun.

“Realmente agora eu tô muito ferrado”   

O professor confiscou as provas dos dois e o papel suspeito.

“Vocês dois: senhor Seunghyun e Jiyong. Venham comigo agora”

A turma inteira começou a falar alto.

“SILÊNCIO! Terminem suas provas.”, o professor falou.

“Venham comigo vocês dois”

Sandara, num ato de coragem, levantou da carteira. Ela tinha que fazer alguma coisa para ajudá-los. Alguma coisa. E tinha que ser rápido. 

“Professor!”

O professor virou o corpo.

“Sim, senhorita Park?”

“Fui eu! EU passei a cola pra eles. Pode conferir. É a minha letra”

Os alunos voltaram a falar alto.

“Eu já falei! SILÊNCIO!”

Seunghyun e Jiyong ficaram chocados com a atitude dela.

“A senhorita fez isso?”, o professor ficou ficou surpreso.

“Sim! Então, acho que também deveria ir para coordenação”

O professor analisou a situação.

Ficou alguns segundos em silêncio.

“Muito bem! Venha comigo você também, senhorita Park. Os três para a sala da coordenação”

Sandara caminhou até eles.

Ela estava firme.

Enquanto Seunghyun e Jioyng estavam apavorados.

O professor chamou um coordenador para vigiar a turma e seguiu com eles até a coordenação.

.....

Sandara estava sentada entre Jiyong e Seunghyun. Estavam aguardando para entrar na sala da coordenação. O clima estava tenso.

Sandara observou o semblante preocupado dos dois. Ela fitou Seunghyun, que estava com um olhar inquieto. Jiyong não parava de mexer as pernas.

“Porque fez isso, Sandara?”, Jiyong perguntou.

“Foi culpa minha. Deveria ter sido mais cuidadosa”

“Não deveria ter feito. Agora, nós três estamos numa encrenca”, Jiyong falou.

Ela fitou os ombros de Jiyong. Ela percebeu que ele estava muito mais preocupado que o Seunghyun.

“Só queria ajudar..”, ela falou.

Seunghyun percebeu que ela ficou envergonhada. Jiyong ignorou a desculpa dela.

“Como pode falar isso, Jiyong? Se não fosse pela Dara, a gente não teria respondido nem a metade daquela prova”

“E adiantou alguma coisa?”

Os três ficaram calados.

Seunghyun olhou furioso para Jiyong.

“Tudo teria dado certo se você não tivesse derrubado o maldito papel no chão”, falou Seunghyun.

“EU? Tá maluco Hyung? Ele que voou da minha mão”

Os ficaram se olhando daquele jeito estranho.

Sandara se sentiu cada vez mais culpada.

O coordenador acenou para que eles entrassem na sala.

Os três estavam quietos, apenas fitando o olhar do coordenador.

“Então, vocês foram pegos colando?”

Continuaram calados.

“Senhor Seunghyun e senhor Jiyong... E a senhorita Park...Sandara Park”

O coordenador fitou Sandara, que continuou firme.

“Estou bastante surpreso com você, senhorita Park. Você é a melhor aluna da classe. Nunca teve nenhum tipo de advertência no histórico escolar. O que houve?”

“Não sou tão boa aluna assim, senhor. Fui pega passando cola pra dois alunos”

O coordenador percebeu o jeito firme da garota.

“E os senhores? O que têm pra me dizer?”

Os dois permaneceram quietos.

“Nada, senhor”, falou Jiyong.

“Nada”, Seunghyun idem.

O coordenador puxou algumas fichas de dentro na gaveta, assinou e entregou pros três.

“Certo! Quero que fiquem o resto dos horários na sala dos professores e façam esse trabalhos. E fiquem na escola depois das aulas.”

“Ficar na escola? M-mas eu não posso, senhor..”, Sandara falou aflita.

“Sinto muito, mocinha. Eu sei que estava tentando ajudá-los, mas acabou cometendo um grave erro. Você é uma ótima aluna, não terá problema com os trabalhos. Além disso, as suas notas não serão prejudicadas. Mas o senhor Seunghyun e o senhor Jiyong estão numa situação bem complicada”

“Como assim, senhor?”, perguntou Seunghyun.

“Vocês vão ficar com nota zero”

“QUÊ??? Nota zero?”, Jiyong perguntou fazendo uma cara de desespero.

“Não pode fazer isso”, Seunghyun falou aflito.

“Posso sim! Sou o coordenador. Agora podem ir para sala dos professores. E aproveitem para refletir! Podem ir agora.”

Eles seguiram até a sala dos professores. Ficaram lá, quietos. Apenas escrevendo. Às vezes, Sandara lançada olhares para Seunghyun, quando Jiyong não estava olhando. Era incrível como eles dois ficavam se namorando só com olhares. E o mais incrível era como eles conseguiam fazer isso na frente de Jiyong sem que ele percebesse.

Os três sentaram numa mesa gigante que ficava no centro da sala. Ao redor, várias outras mesas menores, e muitos armários dos professores. Sandara e Seunghyun se entreolhavam com olhares apaixonados. Ficar perto dele era tão bom, mesmo que fosse durante um castigo. Ele já não ficava tanto tempo com os óculos escuros, então ficava mais difícil resistir. Jiiyong ficou o tempo todo mexendo as pernas e às vezes batucava na mesa.   

A detenção durou muito mais que o tempo previsto.

.......

O telefone de Sandara vibrou. Era vovó May.

“Dara, onde você está? Porque ainda não chegou em casa?”

“Vó? Não posso falar agora. Eu tô na detenção”

“Quê??? Detenção? Porque?”

“Depois eu explico, vó! Não posso falar aqui”

Sandara ouviu uma tosse no outro lado da linha.

“Dara.. E-eu... E-eu não estou me sentindo bem...”

A voz de vovó foi ficando fraca até que a ligação caiu.

Sandara ficou aflita.

“O que houve, Sandara?”, Jiyong perguntou.

“Minha avó! Ela está passando mal. Tenho que ir pra casa....”

Ela levantou da cadeira, nervosa.

Saiu à procura de alguém. Até que um coordenador apareceu.

“Ei, não pode sair da sala de detenção, mocinha”

“Desculpe, mas é urgente! A minha avó está muito mal em casa. Ela me ligou. Preciso ir. Ela está precisando de mim....”, ela falou com a voz trêmula.

“Calma, você é a senhorita Park, sim? Está liberada da detenção”

Ela arrumou a mochila muito rápido e atravessou a sala.

“Ei, Sandara? Espera. Deixa que eu te levo em casa. Vai precisar de uma carona”, falou Jiyong.

O coordenador o parou.

“O senhor não pode sair..”

“Como não posso sair? É um caso de urgência, não tá vendo?”

Sandara ficou parada aflita.

“Vamos logo, Jiyong! Rápido! Ou pode ser tarde demais...”

O coordenador o liberou.

“Tudo bem! Você pode levá-la. Mas fique sabendo que a sua detenção vai continuar amanhã, senhor Jiyong”

Os dois se apressaram.

“Por favor. Mandem notícia sobre a vovó May!”, disse Seunghyun.

Sandara e Jiyong saíram.

.....

“Calma. Você está muito tensa”

“Mais rápido, Jiyong! Ou pode ser tarde...”, ela falou com a voz chorosa.

“Já estou acima da velocidade...”

Sandara suspirou.

“Esse é o momento que preciso que você corra o mais rápido possível e você diz que está acima da velocidade?”

Jiyong ficou suspreso. Dava pra ver a expressão desesperada de Sandara pelo retrovisor.

“Não se preocupe! Estamos quase chegando..”

Ele correu o mais rápido que pôde.

Até que chegaram a casa dela.

Sandara entrou correndo. Ele a seguiu.

“VÓ? Onde está você? VÓ?”

Ela correu para cozinha e nada.

“VÓ? VÓ? Onde a senhora está?”

Ela já estava chorando quando ouviu o barulho.

Parecia vir do quarto da avó.

Ela correu.

“Vó?? Vó.... Por favor, fale comigo...”

Sandara se jogou próximo a cama da avó.

Vovó May estava deitada.

“Dara, minha filha. Desculpe se te deixado tão preocupada... Já está tudo bem”

“Eu vim correndo. Fiquei desesperada O que houve?...”

“Já está tudo bem. Deitei na cama pra descansar”

Vovó May ergueu o corpo com dificuldade.

“A Sandara ficou aflita. O que houve com a senhora?, Jiyong perguntou.

“Ahh, não precisa se preocupar. Já está tudo bem. Eu senti uma dor muito forte. Mas já passou”

“A senhora tem que parar de fazer esforço. Já falei. Deve ter feito alguma coisa pra ter sentido essa dor...”, falou Sandara.

“Não fiz nada demais. Fui à feirinha, como de costume”

“Eu sabia! O médico disse que a senhora não pode fazer muito esforço físico. Que teimosa!”, falou Sadara, sentando ao lado da avó na cama.

“Dara, não preocupe, filha! Já passou. Afinal, uma caminhada não faz mal a ninguém...”, ela falou com a voz meiga.

“Vou preparar uma sopa de legumes pra senhora. Está muito fraca!”

“Ei, Dara? Que história é essa de detenção? Estava de castigo na escola?”

“Err, sim! Eu explico depois. Vou fazer a sopa”

Sandara saiu para cozinha.

Jiyong tentou segui-la, mas vovó May interrompeu.

“Ei, Jiyong? Precisamos ter uma conversinha...”

Ele engoliu seco.

......

Passado o susto, Sandara finalmente relaxou enquanto esperava a sopa ficar pronta.

O celular dela vibrou. Era o Seunghyun.

“Alô? Dara? O que houve? Como está a vovó May?”

“Seunghyun...”

Ela começou a chorar.

“Dara? O que houve? Diga-me. Aconteceu alguma coisa com ela?”

Ele ficou aflito.

“Ela está bem...”

“Graças a Deus! Fiquei aqui preocupado. Com você e com ela”

Ela continuou chorando.

“Eu fiquei com tanto medo. Tanto medo.... A minha avó é tudo que eu tenho..”

Seunghyun suspirou.  

Ele ouviu os soluços dela.

“Dara... Não chore! Fique bem. Pensa que o pior já passou. Ela está bem e é o que importa agora. Não pense mais nisso”  

As palavras dele acalmaram o coraçãozinho apertado dela.

“Aaah, Seunghyun.. Queria que estivesse aqui comigo...”

“Não posso sair da detenção agora... Mas assim que der eu passo aí.. Não se preocupe”

“Que horas?”

“Que horas vou sair da detenção? Não sei...”

“Não. Que horas vai vir aqui?”

“Não sei. Mas eu irei ainda hoje...”

“Vou ficar esperando....”

Ela desligou o telefone. E o coração continuou batendo forte. “Eu queria tanto que ele estivesse aqui...”  ela pensou.

[...]

“Tem alguma coisa pra me dizer, Jiyong?”, perguntou vovó May. O olhar dela o intimidou.

“Err... O que?”

Ele tentou disfarçar.

“O que estava tentando fazer naquele dia? Se matar?”, ela perguntou.

“De onde a senhor tirou essa ideia?”

“Não sou burra, Jiyong. Sei muito bem o que foi aquilo. Há quanto tempo pratica esse tipo de coisa?”

“Não é bem isso que a senhora está pensando..”

“Então, me explique o que é. Estou aqui pra ouvi-lo”

Ele respirou profundo.

Vovó May era muito mais intimidadora que a neta.

“O que a senhora viu naquele dia foi só uma brincadeira. Só isso”

“Brincadeira? Chama aquilo de brincadeira? Eu quase ter sido atropelada foi uma brincadeira também?”

“A senhora está interpretando mal as coisas...”

“Não, não, filho. Posso ser velha, mas não sou burra nem cega. Vi claramente que você estava apostando uma corrida com outro louco em plena avenida. Com certeza aquilo não foi uma brincadeira..”

Ele curvou os ombros.

Fitou os sapatos.

“Desculpe... Por favor, me perdoe”

“É claro que eu perdoo..”

“Ahhh, muito, muito obrigado, vovó May. Eu juro que nunca mais isso vai acontecer..”

“Claro que isso nunca mais vai acontecer porque a minha neta nunca mais irá andar de carro com você”, ela falou com a voz firme.

 Ele tremeu os ombros.

“Quê??? Mas a senhora disse que já me perdoou..”

“Perdoei! Mas não confio mais. Nunca mais”

Ela virou o rosto.

O olhar dela continuava intimidador.

Ele permaneceu com os ombros curvados.

Aquela situação foi tensa.

“Ei, Jiyong? Você pode vir aqui na cozinha?” Sandara falou.

Ele saiu devagar.

Estava envergonhado

Vovó observou o andar dele.

“Garoto mentiroso” ela pensou.

......

Sandara ofereceu um pouco da sopa pra Jiyong e levou para a avó no quarto.

......

“Está uma delícia”, ele falou.

“Tem certeza? Não está falando isso pra me agradar como na ultima vez, está?”

“Não. Claro que não. Está ótima mesmo. Eu adoro sopas”

“Que bom”

 Ele fitou os olhos dela.

“Está tudo bem?”, ela perguntou.

“Porque?”

“Parece um pouco tenso...”

“Ah não. É impressão sua...”

Ele tentou disfarçar.

“Tudo bem. Pode ter sido só impressão minha. Afinal de contas eu te deixei nervoso né.”

“Não se preocupe com isso, Sandara. Sabe que gosto de cuidar de vocÊ”

Ele se aproximou e acariciou o rosto dela.

Ela ficou inquieta.

“Jiyong... Err, queria pedir desculpas..”, ela falou

“Porque?”

“Eu não deveria ter falado aquilo de ir mais rápido.. Eu tava nervosa. Me desculpa.”

“Deixa pra lá. Eu sei que estava nervosa e tinha todo motivo pra ficar daquele jeito”

“Você é um doce, Jiyong. Nunca se zanga comigo...”, ela falou fitando os olhos infantis dele.

Ele ficou apaixonado por aquele gesto.

“Ah, Sandara! Sabe que eu gosto muito de você né?...Eu nunca me zangaria com você. E sabe porque? Porque Eu te amo!”

Ela tremeu o corpo inteiro. Ouvir um eu te amo daquele jeito foi um tanto assustador.

“Err, Jiyong... E-eu....”

“Desculpa, eu sei que isso foi muito precipitado. Mas é verdade. Eu te amo, Dara!”

O coração dela bateu forte. Não de emoção, e sim de aflição.

Como explicar que aquele eu te amo não seria correspondido? Ela sentiu medo de magoar essa pessoa tão doce que era o Jiyong.

“Err... Quer mais um pouco da sopa?”, ela perguntou tímida.

“Sim. Está uma delicia”

Ele sorriu tímido.

Sandara permaneceu pensativa.

Aqueles olhares infantis do Jiyong não mentiam.

Ele estava realmente apaixonado.

[....]

Enquanto isso, ainda na detenção, Seunghyun estava com as mãos doendo de tanto escrever.

“Finalmente terminei”

Um coordenador entrou na sala, lhe entregou uma ficha com advertência, a nota da prova e o liberou.

“Ótimo! Agora eu estou oficialmente ferrado!”

....

Seunghyun atravessou o estacionamento, ligou a moto e foi pra casa.

......

Ele chegou em casa. Atravessou a porta correndo. “Tenho que correr! Ainda tenho que ir na casa da Dara mais tarde...”, ele pensou.  

Lila o esperava na sala.

“Seunghyun... Porque demorou tanto?”

“Tive que fazer um trabalho, mãe”

Ele percebeu que a mãe estava desconfiada.

“Err, filho. Eu tentei te ligar, mas o seu celular estava fora de aérea...”

“O que houve, mãe?”

Ele teve uma péssima surpresa.

“Estava na detenção, Seunghyun?”, falou uma voz forte. Era o pai da Minji.

“Err.. Hãm?”, ele franziu a testa.

Estavam todos lá: os pais da Minji e ela.

Aquele pesadelo outra vez.

“Seunghoneeeeey... Finalmente chegou! Temos uma notícia maravilhosa pra você!”, Minji surgiu saltitante do lado dele.

“Notícia? Que tipo de notícia?”, ele perguntou.

“Como vocês andam ocupados na escola com as provas, então achamos melhor ajudá-los com os preparativos..”

“Preparativos? Que preparativos?”, ele ficou tonto.

“Como assim que preparativos, honey? O do nosso casamento”, Minji falou apertando o braço dele.

“Eu fui à igreja e marquei a data do casamento! Vai ser daqui há duas semanas. Dia 17. Não é ótimo? Pronto! Não precisam mais se preocupar com isso!”, o pai da Minji falou.

“QUÊ???”, ele ficou chocado.

“Não é demais, Seunghyun? Vamos nos casar em duas semanas! Ahh, eu tô tão feliz”, Minji o braçava sem parar.

Seunghyun sentiu uma tontura.

Aquela enxaqueca de novo.

“Isso não está acontecendo!” ele pensou.

“Ah e tem mais..”, Minji falou.

Ele suspirou.

“Minha mãe escolheu uma loja de noivas muito boa. É de uma amiga dela. Vamos lá hoje. Não é demais?”, Minji falou.

“Vamos lá hoje?....”, Seunghyun perguntou. Ele estava atordoado.

“SIM! Foi o que eu falei!... O que está acontecendo com você hoje, honey? Parece tão distraído...”

“Nada...”, ele falou com uma voz cansada.

“Descansa um pouco. Porque mais tarde passarei aqui pra irmos juntos..Um beijo”, ela falou, dando-lhe um beijo na bochecha.

Minji e os pais se despediram.

Seunghyun ficou sentado, pálido, tudo estava girando. Era a pior sensação do mundo.   

“Isso é um milhão de vezes pior que uma detenção na escola”

[....]

Minji e Seunghyun finalmente chegaram a tal loja de noivas.

Ficava no centro da cidade.

A dona da loja os recebeu com um belo sorriso.

“Olá? Você deve ser a Minji, não? Prazer, meu nome é Joanna. Sou a dona da loja”

“Sim! Sou eu mesma! Vim para escolher um vestido...”

“Ah sim. Sou amiga da sua mãe. Ela ligou e disse que você viria... Vai se casar?”

“Sim! E esse é meu noivo: o Seunghyun”

Joanna cumprimentou-o.

Seunghyun respondeu com um sorriso amarelo.

“Mas vocês dois são tão jovens... E já vãos se casar?”

“Ahhh, é que somos tão apaixonados que não queremos mais esperar.. Pra que esperar? Né Seunghyun?...”, Minji segurou o braço dele e sorriu. Ele permaneceu calado.

“Muito bem! Então vamos. Não vamos deixar o noivo esperando né?”, falou Joanna.

As duas entraram em das salas de prova de vestidos.

Seunghyun ficou sentado em um daqueles pufes vermelhos.

.....

Uma funcionária da loja se aproximou dele.

“Você sabia que olhar a noiva antes do casamento dá azar?”, ela perguntou de um jeito inocente.

“Moça, mais azar do que eu tenho é impossível. Pode acreditar nisso!”, ele falou.

A funcionária fez uma cara de assustada e saiu.

......

Seunghyun já estava ficando impaciente. Quanto tempo mais tinha que ficar ali sentado?

Ele olhou para o relógio, que marcava 17:35. Estava preocupado porque tinha marcado com a Sandara na casa dela.

“Droga! Tudo culpa da Minji..Isso só pode ser castigo! É claro que é um castigo!”  ele pensou.

Até alguém tocou levemente no ombro dele.

“Seunghyun? O que está fazendo aqui?”

.......