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Cap. 3 - O dia infernal de Seunghyun

Cap. 3 - O dia infernal de Seunghyun

Eu te amo, Dara!”. Sua suave ecoava igual à uma batida do coração. Os lábios macios dele cobriram a face rosada de Sandara, que sorriu apaixonada. “Dara, minha querida Dara..”, ela podia sentir com toda força das palavras. O momento parecia ser mágico. Tão mágico quanto um poema.. Um beijo suave tocou o seu rosto. Mas não era o mesmo beijo intenso do Seunghyun. Era um beijo diferente. Adolescente, travesso. E uma pequena nuvem de fumaça revelou aqueles olhinhos infantis. Os olhinhos infantis do Jiyong.  Um sonho.

E foi quando ela abriu os olhos. Na verdade, tudo era um sonho.

[..]

 

Sandara acordou completamente diferente naquela manhã. Seus olhos estavam brilhantes e estava cantando uma musica.. Fez um penteado diferente no cabelo, usou o seu melhor perfume, maquiagem nos olhos. Ela pensava no Seunghyun enquanto penteava os cabelos negros. “Será que ele vai gostar desse perfume?”, ela desejou que ele a notasse de qualquer forma possível.  Vovó May naturalmente percebeu a mudança drástica.

Está tão bonita, minha querida. Isso tudo é pra aquele belo rapaz?”

“Hãm, o que a senhora disse?”

Dara, querida, você anda diferente.. Você está gostando daquele rapaz bonito? O Jiyong?”

“O Jiyong? Não, vovó..Somos apenas amigos”

Mas você está gostando de algum rapaz. Não vai me dizer quem é?”

Ahh, vovó.. A senhora...” ela tenta despistar vovó May, mas foi impossível.

Tudo bem. Eu sou paciente. Eu vou esperar você me contar tudo” vovó May tentando ser mais uma vez meiga. Ela tinha esse jeito todo especial com a neta.

Sandara saiu de casa mais cedo do que o de costume. Ela tinha que passar na livraria. Comprou um livro de literatura para as aulas com o Seunghyun. Distraída com seus pensamentos ela não percebeu que o carro do Jiyong havia passado do outro lado da avenida a mais de 120km/h. Certamente ele estava indo até a casa dela para buscá-la.

Enquanto atravessava os portões da escola Sandara ficou imaginando o olhar do Seunghyun. Ficou tão distraída que não tinha percebido a presença ameaçadora de Minji bem ao lado. Ela se assustou quando Minji surgiu bem na sua frente.

Oi, Sandy? Não veio com o seu namorado hoje?”

“Namorado?”

“Sim, honey. O Jiyong. Ele não veio com você hoje?”

“Ele não é meu namorado, Minji. De onde você tirou isso?”

“De onde eu tirei isso? A escola toda acha isso, queridinha”

“Não somos namorados”, quantas vezes ela tinha que repetir aquilo? Porque já estava ficando irritante demais.  

Enquanto isso, Seunghyun tentava ligar para o celular do Jiyong, sem sucesso. Então, resolveu ligar para a casa dele e a empregada atendeu. Jiyong estava com o pai em uma viagem no interior. O pai de Jiyong sempre levava o filho às viagens quando o assunto se tratava de política. Digamos que o prefeito estava “treinando” o filho para que ele se tornasse seu sucessor na política. Talvez ele se decepcionasse se soubesse que Jiyong detestava política. Na verdade estava lá por obrigação.

Quando Seunghyun entrou na sala Sandara estava pronta para receber o seu olhar. Ele estava usando óculos escuros, como de costume. Cabelos nos olhos, casacos azuis escuros, calças pretas e tênis de marca. Aquele visual sombrio, gestos frios, andar forte, presença marcante. Estava usando fones de ouvidos. Parecia um pouco distante, também mais do que de costume.

Havia apenas duas pessoas na sala de aula: Seunghyun e Sandara. Apenas duas cadeiras os separavam. Ele escorregou o corpo na cadeira, ficando totalmente à vontade. Dava pra ouvir que a musica estava no ultimo volume. Ele nem ao menos olhou para trás. Enquanto isso, Sandara permanecia imóvel esperando por quase uma eternidade por uma única olhada dele pra trás. Nem um só movimento do Seunghyun e Sandara não conteve-se. Ela levantou-se e caminhou suavemente até ele e tocou-o levemente no ombro direito.

O que está fazendo?”, ele perguntou assustado.

Tudo bem? Queria te mostrar um livro muito legal que comprei”, ela estava completamente envolvida no lance de ser a professora particular dele. Não que isso fosse mais importante de estar as tardes com ele.

Ah, legal...”, ele permaneceu na mesma posição, sem ao menos tirar os óculos.

Achei que seria interessante que você lesse um pouco”, na tentativa de chamar a atenção dele, em vão. Ele continuou frio e arrogante. Era difícil conversar com ele usando aqueles óculos escuros. Não dava pra saber para qual direção ele estava olhando. Na verdade todo o rosto de Seunghyun estava obscuro demais.

Não to a fim de ler livro nenhum. Dá licença?”, ele afastou-a como um destruidor. Sandara sentiu-se arremessada contra a parede. A frieza de Seunghyun não parecia era tão violenta que ele não parecia ser a mesma pessoa do dia anterior. Os olhos de Sandara ficaram perdidos por uns segundos. Ela parecia invisível diante dele. Sequer percebeu o penteado. O que eu fiz de errado?, ela teve medo de dizer mais alguma coisa e acabar estragando tudo mais ainda. Voltou silenciosa para a cadeira e ficou lá calada a aula toda.

Seunghyun saiu depressa no intervalo. Ele atendeu uma ligação do Jiyong.

Oi, Seunghyun?”

“Eu te liguei umas 11 vezes, Jiyong”

“Não pegava o sinal de celular na cidade onde eu estava”

“Precisava conversar com você. Aconteceu de novo”

“Aconteceu de novo? O quê?”

“Eu e a Minji. Nós transamos de novo”

“E qual é a novidade disso?”

“Será que você não entende? De novo eu não me lembro de nada, cara. Absolutamente nada!”

“Seunghyun, quantas vezes eu tenho que te avisar pra você parar de beber. Você sabe que a Minji adora tirar proveito das suas bebedeiras...Lembra daquela historia na festa da escola?”

“Justamente por isso que eu to em pânico”

“Quer saber? Fuja dessa garota. Ela é chave de cadeia. Você sabe que os pais dela podem criar uma confusão com você. Aliás, não é a primeira vez que isso acontece”

“Eu só queria ter certeza que ela não vai contar nada, senão eu to ferrado de verdade”

“Relaxa. As garotas são assim mesmo. E você deve levar em consideração que ela é apaixonada por você, Seunghyun. Ela te adora desde a 2ª série”

“Você sabe que a Minji nunca foi o meu tipo de garota. Ela é mais por diversão. Só isso”

“Por diversão ou não, você tem que aguentar as consequências. Nós não somos mais adolescentes. Escuta, tenho que desligar agora. Te aviso quando voltar pra capital”

Ao desligar o telefone, Seunghyun não percebeu que Minji estava bem atrás dele. Ele levou o maior susto da vida.

Minji? O que está fazendo aqui?”

“Quer dizer que eu sou ‘só para diversão’? É realmente isso que você pensa de mim, seu pilantra?” ela estava histérica. Completamente sem controle.

“Não foi isso que eu quis dizer. Só disse que você não faz o meu tipo”

“Não faço seu tipo? Eu acho que está enganado, honey. Porque ontem à noite você parecia gostar muito bem do meu tipo”

“Escuta. Dá pra falar mais baixo? As pessoas podem ouvir”

“Não to nem aí. Aliás, eu quero mesmo que todos saibam o que você fez comigo na festa da escola naquele ano. Seria bem interessante que todos soubessem. Assim, você estaria bem encrencado, né?”.

Minji sabia exatamente as palavras certas para ameaçar Seunghyun. Ele se sentiu acuado. Se descobrissem que eles dois tinham transado em uma das salas dos professores da escola isso seria mais do que um motivo para expulsá-lo. Expulsão de escola era o mesmo que crime hediondo na Coreia Do Sul. O aluno expulso ficava marcado pra sempre em seu histórico escolar. Sem contar que os pais de Seunghyun ficariam furiosos com ele. Além disso, os pais de Minji infernizariam a vida do Seunghyun e dos pais dele.

“Escuta aqui você, Seunghyun. Você vai ficar quietinho aí e não vai dizer nada que possa me aborrecer porque do contrario eu posso contar para todo mundo o nosso tórrido segredinho de amor”

“Você é uma manipuladora nojenta”

“Verdade. Gosto de manipular você, honey. Se você não fosse tão lindo eu te faria sofrer. Mas eu te amo e você tem muita sorte por isso”

“Obrigado por isso, mas eu não quero o seu amor”

Ele sai enfurecido. Se eu pudesse pulverizar essa vadia eu juro que faria, ele teve medo dos próprios pensamentos. O que ele podia fazer? Ou era a reputação (nenhuma) da Minji que ele tinha que segurar, ou a expulsão da escola e a briga com os pais.  Não poderia ficar pior do que estava.

No meio do caminho ele quase esbarra com a Sandara, que ficou assustada com o andar atordoado dele. Por uns segundos, enquanto ele conseguia recobrar um pouco da consciência que havia perdido com a Minji, ele lembrou que tinha sido altamente estúpido com a Sandara logo pela manhã. Como num estalar dos dedos ele entrou em apuros por não saber o que dizer a ela naquele momento. Nem ao menos um simples e delicado pedido de desculpas. Não, nenhuma palavra saiu de sua boca fria. Ela apenas permaneceu olhando timidamente através de seus óculos extremanente escuros. Ela desviou pelo lado esquerdo dele e continuou andando, sem olhar para trás. Seunghyun ficou parado igual a um idiota no meio do corredor como se estivesse esperando que ela voltasse e desse um belo sorriso pra ele, como se nada tivesse acontecido. Ele viu Sandara caminhar até os portões de saída. Apenas os seus cabelos negros ao vento, trazendo aquele perfume. O perfume novo que ela estava usando e que ele nem percebeu que era pra ele.

[..]